Na maioria dos casos, startups são pequenos negócios que precisam de muita ajuda para decolar e tem soluções mais distantes do universo físico.
Mas há exceções, como a Kavak, passou pelo South Summit depois de ser avaliada em US$ 8,7 bilhões em sua mais recente rodada de investimento, realizada em 2021. E saiu já pensando em instalar uma loja de carros usados em Porto Alegre.
Como assim? A Kavak nasceu no México e chegou ao Brasil há menos de um ano, em julho de 2021. Por enquanto, tem unidades físicas em São Paulo e no Rio, recém-aberta. Conforme o venezuelano Roger Laughlin, cofundador da startup e CEO no Brasil, a crise dos semicondutores que provocou falta de carros novos no mercado acabou virando acelerador do crescimento do negócio.
— O carro usado passou a ser um produto mais atrativo, e também é um ativo financeiro muito resiliente. Esses dois últimos anos acabaram se tornando um motivos de aceleração para a gente. Nos consolidamos no México, nossa origem, mas acreditamos que o Brasil será nosso maior mercado globalmente, é o terceiro maior negociador de carros usados do mundo, só atrás dos Estados Unidos e da China — disse Laughlin à coluna.
Na quinta-feira, o empreendedor falou no South Summit, no painel Game Changers: Formalizando a indústria na América Latina (a 'indústria' do título é o segmento de inovação). A Kavak não faz intermediação entre compradores e vendedores, como várias startups. Compra todos os carros, depois os revende, tanto em suas lojas físicas quanto pelo site ou aplicativo.
Em menos de um ano de Brasil, tem 10 mil veículos no inventário, 2,5 mil funcionários e 1 milhão de metros quadrados de infraestrutura. Ou seja, é uma startup muito fígital, que mistura ambientes físico e digital.
— Temos dois tipos de consumidores, os que vendem e os que compram. Para quem vende, oferecemos uma experiência muito rápida e eficiente, consegue vender em menos de um dia, a bom preço e com boa experiência nas lojas. Para quem compra, cuidamos da burocracia e oferecemos carros certificados, com dois anos de garantia. Oferecemos, basicamente, transparência e segurança. E, depois da venda, segue nossa relação com o cliente, com prestação de serviços, manutenção — detalhou Laughlin.
A coluna, claro, quis saber se Porto Alegre está no mapa de expansão. Com muita cautela, o cofundador da Kavak disse que, neste ano, a empresa vai abrir loja em outra capital, mas não será a gaúcha. Afirmou, porém, que inclusive o que viu no South Summit coloca Porto Alegre no foco da startup.
— Unimos capital, tecnologia, conhecimento e processos. Tem sido um primeiro ano incrível para a gente. O Brasil tem um consumidor mais sofisticado, com apetite para experimentar novas plataformas e tecnologias. Nosso negócio é intensivo em pessoas, infraestrutura e capital. Construímos uma base muito importante em São Paulo e agora, há dois meses, entramos no Rio.