Não parece, mas o preço do diesel no Brasil está cerca de 10% abaixo da referência internacional. A situação de defasagem faz com que analistas projetem que a Petrobras pode anunciar um reajuste - para cima, claro - "a qualquer momento".
Um do aditivos do aumento da pressão de preços é a possibilidade de que a Europa adote novas sanções à Rússia, agora envolvendo fornecimento de gás e petróleo, depois que o país que atacou a Ucrânia anunciou o corte no abastecimento da Polônia e da Bulgária.
O movimento tende a provocar aumento nos preços do gás e, em consequência, em todos os seus possíveis substitutos, como diesel e gasolina. Não precisa ser um gênio estratégico para imaginar que um novo anúncio de alta de preços esteja sendo tratado com 10 mil dedos na Petrobras, depois do desgaste provocado pelo mega-aumento que entrou em vigor em 11 de março passado.
A direção da estatal foi trocada, mas desde a posse o novo presidente, José Mauro Coelho, já afirmou publicamente ao menos duas vezes - uma ao assumir o cargo - que pretende manter a política de preços (veja detalhes abaixo).
No Estado, a gasolina chegou a ficar "menos cara" em abril, mas o aumento do etanol anidro provocou novas altas no postos. Por um triz, a gasolina segue abaixo dos R$ 7 na média do Rio Grande do Sul: R$ 6,964 (na pesquisa, ainda há três dígitos depois da vírgula). Isso é a média: já há cidades gaúchas em que a gasolina passa dos R$ 8, com em Bagé (sempre lá...), onde é vendida por até R$ 8,019.
O barril de petróleo tipo brent, referência da Petrobras para definir preços nas refinarias, terminou abril cotado a US$ 107,14. A média do mês foi de foi de US$ 105,15, o que significa um aumento acumulado de 62% sobre abril de 2021.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.