CEO da TAP Air Portugal, Christine Ourmières-Widener disse à coluna que o objetivo da empresa é aumentar a frequência dos voos diretos entre Porto Alegre e Lisboa dos atuais três por semana para quatro ou cinco.
A executiva de origem francesa, que entende, mas ainda não fala português, chegou à capital gaúcha no primeiro voo, no sábado à tarde e, no domingo, foi conhecer Gramado e Canela.
Quando a coluna perguntou a Christine como foi a pandemia para a TAP, ouviu uma resposta sincera:
— Foi horrível, não só para a TAP, mas para todas as companhias aéreas. Não houve coordenação ou padrões globais, cada país adotou as ações que escolheu. Houve falta de confiança, os clientes tinham medo. Não sabiam se poderiam voar, se poderiam voltar. Ficou muito difícil para viajar.
A consequência para as empresas foi a necessidade de reduzir a frota e aplicar planos de reestruturação que passaram por demissão coletiva. No da TAP, destaca, houve ajuda do governo português, que considerou a empresa estratégica, por contribuir para a economia sob a forma de geração de empregos, desenvolvimento de habilidades.
Um total de 3,2 bilhões de euros foi aprovado pouco antes do Natal passado, relata Christine como quem recebeu um enorme presente.
— É bastante dinheiro para Portugal, então temos uma grande missão e um grande compromisso de tornar a empresa sustentável e lucrativa — afirma.
Nessa etapa de retomada, segundo Christine, a percepção é de que as pessoas estão "desesperadas para voltar a viajar", o que fez com que o consumo de passagens para o turismo esteja liderando a recuperação nas vendas. A executiva detalha que o Brasil representa 30% da receita da TAP:
— É um enorme mercado, temos 11 destinos no Brasil.
Os indicadores ainda estão abaixo dos de 2019, e a projeção da indústria global é de retomar os níveis pré-pandemia em 2024.
— A Ásia ainda está fechada, há dificuldades na China, que é o maior mercado de aviação. A guerra na Ucrânia fechou os céus da Rússia, o que significa que voos na região estão mais longos, o que impacta o custo e o preço da passagem. Isso para não mencionar o custo do combustível, a inflação está aumentando e chega a dois dígitos.
Christine detalha que as viagens de negócios se recuperam em velocidade menor do que as de lazer, inclusive porque reuniões remotas substituíram parte desses deslocamentos. Mas pondera que, quando há necessidade de abrir mercados ou explorar novas oportunidades, a presença ainda é fundamental.
Assim como a coluna, Christine avalia que sua posição no comando de uma empresa aérea já não deveria ser assunto, mas ainda é. Diz que há um número crescente de colegas nessa posição, como na Air France e na KLM, e comentou que nesta segunda-feira (4), foi indicada a primeira CEO de uma empresa aérea na Turquia, Güliz Öztürk, na Pegasus.
— É importante aumentar não só a posição das mulheres, para responder à proporção que têm na sociedade, mas contemplar toda a diversidade no comando das empresas.