A bolsa fechou em leve queda (0,22%) nesta movimentada quinta-feira (31), mas não foi só efeito do "fico", "saio", ou do "desisto de desistir". Os movimentos erráticos de candidatos, pré-candidatos e pós-candidatos até exasperaram investidores, especuladores e analistas, mas não chegaram a gerar estresse financeiro. Sinal disso é que o dólar voltou a recuar 0,54%, para R$ 4,761.
— Está muito bagunçado tudo isso — desabafou com perfeição à coluna André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Para o mercado, o efeito líquido das idas e vindas não altera a essência do cenário eleitoral: a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, o xadrez de apoios e traições expõe as dificuldades de abrir a terceira via.
Até mais do que o vaivém eleitoral, as atenções se voltaram para o comunicado em que a Petrobras advertia que a política de preços da estatal pode mudar. As ações chegaram a subir bem, mas fecharam o dia em posição de cautela, com variação positiva de 0,37% nas ordinárias (com direito a voto) e de 1,39% nas preferenciais (que têm prioridade para receber dividendos).
— Teve pouco efeito na bolsa, porque não altera o cenário de polarização que já vem de muito tempo. Não foi um grande assunto, como o do aviso da Petrobras — afirmou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings.
Como esta quinta-feira (31) assinala o fim do primeiro trimestre, as atenções também se focaram no bom resultado do período: a alta acumulada de 14,48% de janeiro a março, a 119.999 pontos, o maior nível em sete meses, compensa com sobra a queda acumulada de 12% ao longo de todo o ano passado.
No trimestre, o dólar acumula queda equivalente, de 14,6%. A valorização do real suaviza a pressão do petróleo, que fecha os primeiros três meses do ano com alta de 30%. O dia foi de nova baixa, de 5,3%, para US$ 107,42, em expectativa e, depois, em reação ao anúncio dos Estados Unidos de liberação de 1 milhão de barris diários de seus estoques.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.