O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Com 150 agências, 150 mil cooperados e mais de R$ 5 bilhões em ativos no Estado, o Sicoob, maior sistema cooperativo do país, traça metas ainda mais ousadas para o Rio Grande do Sul. De acordo com diretor de coordenação Sistêmica e RI, Enio Meinen, momento é de propício para crescer ainda mais.
Como se inicia a trajetória Rio Grande do Sul?
A presença do Sicoob no Rio Grande do Sul começa há um tempo atrás com uma cooperativa chamada Eco Cred, cuja sede era na serra gaúcha. Ela já existia há 10 anos, vinculada com uma de nossas centrais, que atendia o Estado. Mas a operação era muito centrada apenas nessa cooperativa. Ela se desenvolveu rapidamente atingiu um bom volume de negócios e quatro anos atrás, resolvemos ampliar efetivamente a nossa presença no Estado. Ela foi absorvida e isso permitiu que o Siocoob tivesse uma atuação mais expressiva. Em 2021, já tínhamos 150 agências, devemos abrir pelo menos mais 15 agências, com a meta de passar as 160 agências. Eram 150 mil cooperados, o que pode ser considerado positivo, para um período de seis anos, e a estimativa é chegar aos 200 mil em 2022. Encerramos 2021 com R$ 5 bilhões em ativos e a projeção e crescer 60%, chegando aos R$ 8 bilhões neste ano. A certeira que era de R$ 2,6 bilhões deverá se aproximar dos R$ 4 bilhões (53,8%). Esse é um dado interessante, pois é um balizador da economia, gerador de renda e empregos.
E como você percebe o ambiente para atingir os objetivos?
Como estamos em um processo acelerado de abertura de agências, principalmente entre 2020 e 2021, acreditamos em maior maturação e assimilação do mercado gaúcho. No ano passado foram 41 agências no Estado, o que aponta os nossos propósitos bastante ousados. E o momento é positivo. O cooperativismo se tornou o principal agente financeiro do pequeno negócio no país em 2021. Na frente de todos os gigantes. É o número um também em quantidade de agências. Já era o segundo maior no agronegócio, atrás apenas do Banco do Brasil e o primeiro na concessão de crédito não-consignado para as pessoas físicas.
O cooperativismo enraizado na cultura gaúcha facilita o desbravamento do mercado?
O cooperativismo tem o Rio Grande do Sul como pioneiro, com a primeira cooperativa do país, a segunda das Américas. Realmente, o Rio Grande do Sul é referência na história e também na performance do cooperativismo. Para se ter uma ideia, no Estado, em valores globais (ativos, crédito, dinheiro, depósitos) é o mais expressivo do Brasil nesse segmento. Então, esse histórico, a formação da cultura trazida da Itália e da Alemanha, se aliam ao fato do Estado ser uma das economias mais expressivas do país, sobretudo, no agronegócio, nos pequenos negócios e alguns ramos da indústria. A gente não poderia ficar distante desse mercado pioneiro para o cooperativismo e dessa economia tão representativa para o país. Ter o Sicoob bem posicionado no RS, significa uma boa visibilidade no cenário nacional.
O foco prioritário é o agro?
Temos uma atuação diversificada, como o próprio sistema coirmão Sicredi passou a ter. Em função da liberdade legal de poder atrair todos os públicos, somos bem posicionados no agronegócio. Aliás, Sicred e Sicoob somados foram o segundo maior mercado do Agro no Brasil. Esses dois sistemas, juntos, têm algo como 20% do mercado brasileiro. Sim, somos muito atuantes no agro, mas também no segmento dos pequenos negócios, proporcionalmente, é uma performance igual ao Agro. Há outros dois públicos relevantes: pessoas físicas em geral e também profissionais liberais. Agro e pequenos negócios representam cerca de 70% da performance, são os dois mercados que produzem atração ao sistema.
Cenário como o atual, com juros e inflação dificultam o acesso ao crédito e também a entrada de clientes nos bancos. Isso deixa brechas para o cooperativismo?
Sim. A análise é essa e existem evidências históricas dessa atuação contra-cíclica, pois quando os bancos se retraem, em razão do crédito, as cooperativas acabam ganhando mercado. Prova disso, é o crescimento das carteiras de crédito durante a pandemia. Em 2021, enquanto as carteiras dos pequenos negócios (maior geração de empregos do país) expandiram 45% no sistema cooperativo, os bancos tiveram ampliação de apenas 10%. São dados oficiais do Banco Central (BC). No geral, de acordo com a mesma fonte, a carteira do cooperativismo financeiro cresceu 36% e a dos bancos 16%, ou seja, mais que o dobro. Isso acontece porque as cooperativas tendem a ser mais próximas do público, inclusive, com mais agências. O cooperativismo financeiro mantém a maior rede de postos físicos do país) somados todas as bandeiras (Sicred, Unicred, Sicoob e outros) são aproximadamente 700 agências a mais do que o segundo colocado que é o Banco do Brasil. Com essa interlocução mais presente, o processo de concessão de crédito é facilitado, porque além das informações padrão de cadastro, existe contato com a pessoa. Isso traz mais informações que encorajam a concessão de crédito. Isso fica claro quando se analisa um outro dado do BC: 33% dos empreendedores que buscaram as cooperativas para crédito, seja para folha de pagamento ou outra intenção, durante a pandemia conseguiram o empréstimo. Nos bancos, essa mesma relação foi de 10%. Nos bancos privados, é menor, fica abaixo de 9%. Ou seja, o índice de obtenção de crédito nas cooperativas é três vezes superior ao dos bancos. Esses momentos, historicamente, geram bons desempenhos para as cooperativas. Aconteceu em 2009, na crise imobiliária dos Estados Unidos, entre 2014 e 2016, quando tivemos uma crise muito forte e, agora, com a pandemia se repete. O crescimento da carteira de crédito do cooperativismo nos dois anos de pandemia é dobro do crescimento verificado nos bancos.
E a inadimplência?
Isso traz mais informações que encorajam a concessão de crédito. Isso fica claro quando se analisa um outro dado do BC: 33% dos empreendedores que buscaram as cooperativas para crédito, seja para folha de pagamento ou outra intenção, durante a pandemia conseguiram o empréstimo. Nos bancos, essa mesma relação foi de 10%. Nos bancos privados, é menor, fica abaixo de 9%. Ou seja, o índice de obtenção de crédito nas cooperativas é três vezes superior ao dos bancos. Esses momentos, historicamente, geram bons desempenhos para as cooperativas. Aconteceu em 2009, na crise imobiliária dos Estados Unidos, entre 2014 e 2016, quando tivemos uma crise muito forte e, agora, com a pandemia se repete. O crescimento da carteira de crédito do cooperativismo nos dois anos de pandemia é dobro do crescimento verificado nos bancos. A inadimplência fica abaixo da média do sistema financeira. Não sofremos com a chamada assimetria de informações. Coisas que na realidade existem, o mercado não tem, mas em razão da proximidade, as cooperativas acabam tendo acesso.