Os sucessivos aumentos dos combustíveis e, portanto, do frete, e toda a inflação acumulada por força da pandemia e da guerra, os custos logísticos do setor arrozeiro do Estado chegaram a 21,5% do preço final do produto.
Entidades representativas da Fronteira Oeste estão envolvidas em um movimento para renovação imediata da concessão da malha sul ferroviária, com a expectativa de baixar custo.
Conforme Paulo Menzel, da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, o custo logístico nos Estados Unidos é de 7,5%, para comparar. No Estado, portanto, é quatro vezes maior. Por isso, o pedido de 15 líderes da região — da prefeitura de Alegrete a a empresas privadas da cidade —, é para "ter um novo modelo de ferrovia baseado no recente Marco Legal (...) que atenda de forma mais linear e quantitativa o transporte de cargas do Rio Grande do Sul".
Na prática, isso significa antecipar a renovação da concessão da Rumo, que venceria em 2027, em cinco anos. A Rumo é resultado da fusão da empresa do grupo Cosan com a ALL, que havia obtido a concessão. A Cosan, por sua vez, é controlada pelo empresário Rubens Ometto, e também é maior acionista da Compass, que vai arrematou a Sulgás. A prestação de serviços da Rumo foi alvo de muitas críticas no passado, por isso a coluna quis saber o que mudou para que haja apoio para a renovação antecipada.
— O fato de a malha ferroviária não ter atingido os melhores níveis possíveis de serviço não foi responsabilidade só da concessionária, envolve questões do governo federal. Também houve mudança nas cadeias logísticas do sul do país. O mercado hoje entende que precisamos da volta da ferrovia de forma plena e ativa, não só no Rio Grande do Sul, mas na Região Sul. O que se está pleiteando é nova malha sul, não uma renovação nos mesmos moldes do passado. O que vem aí é um novo modelo, um novo conceito. A Rumo já disse que tem hoje R$ 10 bilhões em caixa para investir na malha sul, desde que a concessão que vence em 2027 seja renovada logo — justificou Menzel.
O trecho da malha sul ferroviária atravessa Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo e tem extensão total de 7.223 quilômetros. No documento chamado Carta do Alegrete, o argumento é de que há hoje "total dependência do setor rodoviário para as movimentações logísticas". Aponta, portanto, "necessidade imediata de outro modal de transporte viável e economicamente adequado, no caso o ferroviário, para que o setor possa voltar a ser competitivo e produtivo, capacidades estas a muito perdidas exatamente pelos altos custos logísticos praticados atualmente".