Está marcada para as 15h a cerimônia de posse do novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho. A reunião do conselho de administração eleito na madrugada desta quinta-feira (14), depois de quase 12 horas de discussão, confirmou o indicado do Palácio do Planalto ao cargo.
O Coelho que assume a maior empresa do Brasil às véspera da Páscoa tem peculiaridades em seu currículo: defendeu que a Petrobras investisse mais em refino, enquanto hoje a estatal se esforça para desinvestir no segmento — às vezes, sem sucesso —, e ajudou os governos petistas a adotar a fórmula vigente até hoje para a exploração do pré-sal.
Apesar dos detalhes aparentemente contraditórios com o figurino de presidente da Petrobras nestes tempos, Coelho também é visto como uma espécie de "interventor" do Ministério de Minas e Energia da estatal — e, por extensão, do presidente Jair Bolsonaro, que já manifestou várias vezes o desejo de mudar a política de preços atrelada ao mercado internacional (veja abaixo).
Como relatou ao canal Grupo Mídia, entre 2007 e 2008, Coelho participou "ativamente, à época, da descoberta do pré-sal" e da definição do "novo marco regulatório do setor de petróleo e gás natural, que acabou que finalizou no modelo de partilha de produção". Esse modelo, em que os investidores privados pagam ao governo uma parcela do óleo que extraem do pré-sal, era motivo de críticas no mercado e por integrantes do governo Bolsonaro, que no entanto não se mobilizou para mudá-lo. Bolsonaro criticava muito a criação de uma estatal para gerir esse processo, a Pré-Sal Petróleo S/A, que chegou a ser presidida por Coelho.
Em tese publicada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia, o COPPE da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Coelho defendeu, já em 2015, a ampliação a capacidade brasileira de refinar petróleo, investindo em refinarias dentro e fora do país, como haviam feito os governos do PT.
Como foi o processo de mudança na Petrobras
O Ministério de Minas e Energia enviou à Petrobras uma nova lista de indicados com a inclusão dos nomes dos candidatos à presidência do conselho de administração e à presidência-executiva da empresa.
A intenção do governo era fazer uma votação "em bloco", ou seja, aprovar todo o conselho de uma vez, a partir da lista de sete indicados pela União. Nesse plano, restariam três eleitos pelos acionistas minoritários e um pelos empregados da estatal.
Na antevéspera do leilão, analistas minoritários que detêm mais de 5% do capital encaminharam pedido de voto múltiplo. Essa tentativa havia sido feita no ano passado, quando houve a primeira troca de comando da Petrobras, sem suceso.
Nesta quinta-feira (14), foi realizada a primeira reunião do novo conselho, que confirmou a indicação de José Mauro Ferreira Coelho para a presidência-executiva, em substituição a Joaquim Silva e Luna.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.