O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A instabilidade comercial para exportação e importação causada pela oscilação na taxa de câmbio, especialmente do dólar, tem feito com que empresas brasileiras busquem alternativas para proteger as transações internacionais. Prova disso é a Safe Investimentos, com matriz em Caxias do Sul e unidades em Porto Alegre, Santa Cruz do Sul (RS) e Chapecó (SC), que viu triplicar o número de clientes em busca de operações de Hedge (proteção).
As operações financeiras podem proteger o preço negociado, tanto de compra quanto de venda, a fim de ter um mesmo resultado em uma data de pagamento futura independente da variação cambial.
Mesmo com a oferta do serviço sendo feita há alguns anos, a alta demanda fez com que a empresa, credenciada junto à XP Investimentos, implantasse em 2021 uma estrutura especializada neste tipo de operação.
Com isso, o escritório ampliou em 300% sua atuação na área e projeta mais do que dobrar a quantidade de empresas atendidas em 2022. De acordo com a empresa, somente numa transação no segundo semestre do ano passado, um único cliente economizou R$ 560 mil com a proteção gerada pelo serviço.
— Alguns tipos de estrutura de proteção fixam o valor da transação de câmbio. Escorado na cotação cambial, a empresa, por intermédio do escritório de investimentos, pode, por exemplo, fixar o preço do câmbio hoje, para o pagamento da negociação que ocorrerá em uma data futura, oferecendo uma maior previsibilidade de fluxo de caixa no momento do acerto. Por exemplo, posso fazer um acordo para pagar o valor do dólar a R$ 5,35, independente se daqui há dois meses ele chegar a R$ 6. O mesmo serve para a venda de produtos, onde posso garantir a cotação do dia para um pagamento que será feito daqui seis meses. Assim, se a taxa de câmbio cair, se garante a cotação anterior — explica Andreia Morello, sócia-fundadora e gestora da Safe Investimentos.
A especialista complementa que a diferença da variação cambial pode ser usada como investimento na própria empresa, através de melhorias ou até mesmo subsidiando recursos para baratear o produto da marca. Ainda de acordo com Andreia, entre os principais fatores para a volatilidade do dólar perante o real está a entrada e a saída de capital no Brasil, ou seja, se o país está atrativo ou não para os negócios. Além disso, a oscilação das moedas também depende da estabilização de outros países do mundo.