O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Uma empresa de tecnologia no mercado financeiro. Assim se define a gaúcha Warren, que nasceu startup, em 2017, para brigar com os grandes concorrentes do segmento. A máxima segue cada vez mais em alta e, na contramão do setor, que atravessa um processo de consolidação, ou seja, com empresas maiores abocanhando outras menores, a corretora de Porto Alegre acaba de fechar a sua segunda operação de fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês) 100% focada em tecnologia.
Depois do acordo de "acqui-hiring" com a catarinense BOX TI, no início do ano, para contar com 30 desenvolvedores, agora, foi a vez de incorporar 40 novos profissionais, entre analistas de dados, designers e gerentes de produto da plataforma paulista sim;paul. Esse tipo de negócio é usado por empresas que desejam recrutar funcionários, ao invés de obter o controle de produtos, serviços ou carteira de clientes.
O diretor de tecnologia (CTO), André Gusmão, explica que a aposta em times de pessoas, capazes de turbinar a oferta tecnológica, é um dos caminhos que levam a meta de chegar até o final deste ano com R$ 40 bilhões sob gestão — o dobro dos R$ 20 bilhões obtidos em 2021.
— Temos muitas funcionalidades e possibilidade novas de investimentos para oferecer ao mercado. Por isso, é importante crescer focado em pessoas, em experiência e em tecnologia que nos ajudem a resolver problemas, e não apenas na compra de base de clientes. Acreditamos que isso dará o diferencial que queremos ao nosso negócio — resume.
Do outro lado, recentemente, a sim;paul comprou a porto-alegrense Solidus, cujo foco principal era o mercado de agentes autônomos. A expertise desenvolvida para clientes institucionais foi um dos atrativos que despertou os olhares da Warren.
A migração dos profissionais deve ser concluída ainda em fevereiro. Com isso, a Warren atinge a marca de 40% de seus contratados (cerca de 280) na área de tecnologia. Gusmão relata que esse é mais um passo para popularizar estratégias de investimentos, antes restritas aos investidores de maior capacidade.
Ele lembra que no ano em que a B3, a bolsa brasileira, despencou 11,93%, o país atingiu a marca de 5 milhões de pessoas físicas. Boa parte delas, foi atraída ao mercado de capitais, em 2020, quando a volatilidade provocada pela pandemia já havia assustado os estreantes.
De acordo com o CTO, existem mecanismos de proteção capazes de defender posições de investimento em momentos como o atual, mas as ferramentas ainda colocam as dificuldades nas mãos dos clientes.
A ideia, argumenta Gusmão, é alterar esse padrão e oferecer às pessoas que buscam oportunidades na renda variável processos mais simplificados. E, para isso, não há caminhos que não levem à excelência em tecnologia, revela.