Havia muita expectativa para o anúncio das sanções dos Estados Unidos à Rússia, depois do ataque do país à Ucrânia por terra, mar e ar.
O presidente americano, Joe Biden, gastou munição verbal, caracterizando as medidas como "devastadoras", mas guardou maldades econômicas no arsenal caso a situação se agrave, hipótese que não pode ser descartada.
Em Nova York e São Paulo, duas praças em que os mercados ainda estavam abertos na hora do pronunciamento, a queda nas bolsas foi suavizada. A bolsa tradicional de Nova York acabou fechando com leva alta, de 0,28%. A Nasdaq, que já operava no azul, decolou 3,3%. A bolsa brasileira, que chegou a perder mais de 2% moderou a queda para modestos 0,37%.
A dificuldade de graduar as sanções econômicas é óbvia e foi citada no discurso de Biden: devem atingir Moscou sem afetar demasiadamente os cidadãos dos demais países, especialmente os que colocam as medidas em prática.
Conforme Biden, as novas providências congelam um trilhão de dólares em bens e cortam o acesso ao sistema financeiro global de um terço dos bancos russos. Significa que dois terços ainda têm. O presidente americano também descartou restrições que afetem diretamente o colega russo, Vladimir Putin.
Conhecido como bom estrategista, Putin não poderia estar mais satisfeito com a que traçou para invadir a Ucrânia. Engessou a reação dos europeus, que temem seu poder sobre a torneirinha do gás, paralisou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que não pode reagir porque a Ucrânia não é um país-membro e enredou os americanos com ofertas enganosas de diálogo. Debocha da comunidade internacional, como já afirmou o colega Rodrigo Lopes.