Sim, a inflação é um fenômeno planetário e pandêmico, mas a dimensão da disparada de preços varia muito de país para país e depende da gestão pública como um todo e da econômica em particular.
— O Brasil é um caso de destaque em inflação de emergentes. Há uma onda de aumento de juros por diversos países. Agora, todos estão olhando o que os Estados Unidos irão fazer.
A declaração foi dada na quinta-feira (21), na Conferência Anual Latino-Americana do Santander, e Campos Neto também observou o que todo brasileiro aponta: a percepção das pessoas no país é de alta de preços maior do que a que os indicadores mostram. Ao contrário da carta em que sinalizou o que fará para conter a alta da inflação, Campos Neto voltou a citar o componente exclusivo do Brasil na pressão de preços:
— A curva de juros longo prazo continua com muito prêmio, e muito disso tem a ver com o risco fiscal.
As declarações de Campos Neto vieram depois que o mundo conheceu as inflações oficiais de 2021 no Brasil (10,06%, a maior desde 2015), nos Estados Unidos (7%, a maior desde 1982) e no grupo que países da Europa que adotam o euro como moeda (5%, a maior desde 1996). Entre os emergentes, o único em pior situação é a Turquia, com 36,08% de inflação acumulada de janeiro a dezembro de 2021. Esse é país que aparece listado entre os 10 maiores riscos globais da consultoria Eurasia Group.
E para que os leitores desta coluna não repitam "a inflação subiu no mundo todo", uma dica: em 28 países, ficou abaixo de 2%, nível considerado aceitável até nos Estados Unidos. Na América Latina, foi o caso da Bolívia, com 0,9%, e do Equador, com 1,94%. E pelo menos uma nação, Ruanda, fechou 2021 com deflação (baixa generalizada de preços) de 2%.
Inflações pelo mundo
(só em países com dados atualizados até dezembro de 2021)
Quebrados ou em guerra
Venezuela: 686%
Zimbabue: 60,7%
Argentina: 50,9%
O pelotão do Brasil
Uzbequistão: 10,3%
Brasil: 10,06%
Ucrânia: 10%
Os ricos
Estados Unidos: 7%
Zona do euro: 5%
Os latino-americanos
Uruguai: 7,9%
México: 7,4%
Chile: 7,2%
Paraguai: 6,8%
Colômbia: 5,6%
Fonte: Trading Economics, com checagens da coluna por amostragem