Como se temia, a Petrobras comunicou que os preços dos combustíveis vão voltar a subir nas refinarias a partir de quarta-feira (12).
Na gasolina, a alta de quase 5% (4,85%) supera em muito a redução de 3,14% anunciada em 14 dezembro, que foi mais política do que prática. No diesel, a mão foi ainda mais pesada: 8% de reajuste de uma só vez, perto da inflação acumulada em 2021, medida pelo IPCA.
Se o da gasolina é um preço que o consumidor sente na pele, ao reabastecer, o do diesel tem efeito de espalhar repasses na cadeia produtiva, porque quase toda a produção nacional ainda é transportada por caminhão. Neste momento em que empresas tentam represar reajustes, por reconhecer a falta de poder aquisitivo, pode atrasar a saída do IPCA do patamar de dois dígitos.
Ao anunciar os reajustes, a Petrobras frisou o fato de terem sido definidos depois de "77 dias sem aumentos". Em dezembro, a estatal havia feito uma redução mais simbólica do que prática, pressionada para repassar baixas momentâneas de petróleo e dólar. Nesse intervalo, os dois principais componentes da política de preços da estatal voltaram a subir.
O óleo tipo brent retornou à casa dos US$ 80 por barril com a perspectiva de retomada dos fluxos globais depois das inquietações provocadas pela Ômicron. O dólar encosta novamente nos R$ 5,70 por razões domésticas: a desconfiança com os compromissos fiscais do governo Bolsonaro e as novas novelas protagonizadas pelo presidente, que elevam a incerteza dos agentes econômicos. A perspectiva de inflação pela metade em 2022 fica mais difícil de ser atingida.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.