O início de 2022 foi marcado pela aceleração dos anúncios de novos carros elétricos de montadoras pelo mundo. No Brasil, apesar do aumento de 77% em 2021, as vendas ainda patinam em patamar muito baixo.
O principal motivo é o mais óbvio: o custo ainda elevadíssimo, para o nível de renda do país. No final de dezembro, a Caoa Cherry anunciou a intenção de lançar o que chamou de "carro elétrico mais barato do Brasil", o EQ1. Detalhe: deve custar R$ 150 mil.
Ainda é muito caro para o bolso do brasileiro médio. O carro da Caoa Cherry ambiciona derrubar de sua posição de "menos caro" o JAC E-JS1, que custa ao redor de R$ 165 mil. A opção de marcas tradicionais, americanas ou europeias, mais em conta é o Zoe, da Renault, por R$ 200 mil no modelo de entrada. Nos Estados Unidos, o ´mais barato é o Nissan Leaf, por US$ 27,4 mil (R$ 156 mil, pelo câmbio de hoje). Mas vários Estados americanos dão subsídios, o que tornar a compra mais atrativa.
E enquanto nenhum dos 10 elétricos mais baratos disponíveis no Brasil oferece mais de 400 quilômetros de autonomia com uma carga, o plano anunciado na quarta-feira pela General Motors nos Estados Unidos já prevê veículos com capacidade de percorrer até 643 quilômetros sem necessidade de recarga, caso da picape Silverado.
A alta de 77% nas vendas foi saudada pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) como "o melhor resultado da série histórica", com "recorde absoluto" de 34,99 mil unidades vendidas. Para a entidade, dezembro foi "o melhor mês da história da eletromobilidade no Brasil", porque saíram das revendas 4.545 eletrificados.
Os números representam o total de automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos puros (BEV) emplacados em 2021. E depois do ano excepcional, existem apenas 77.259 automóveis e comerciais leves na frota eletrificada total em circulação no país.
Ao ver o número de cada modelo, fica clara a barreira regulatória que ainda faz a categoria patinar no Brasil: os mais vendidos são os híbridos — que funcionam com combustível e eletricidade gerada pelo movimento do próprio veículo) —, com volumes ainda modestos em cada um.
O maior obstáculo ainda é preços, e para isso o que mais pesa é o alto custo das baterias, além da já lendária alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 25%. Significa que cada proprietário de carro eletrificado paga um quarto do preço só para o governo. Depois, a troca das baterias é um problema, porque sua vida útil é menor do que a dos veículos, assim como seu descarte responsável.
A startup Voltz, que acaba de abrir uma revenda em Porto Alegre, achou um caminho: baterias por assinatura. Quem sabe não seja uma boa solução em um país de renda média — e que vem caindo?
Os eletrificados mais vendidos no Brasil em 2021 e quantidade entre parênteses
1. Toyota Corolla Cross, hídrido (11.027)
2.Toyota Corolla Altis, híbrido (7.921)
3. Volvo XC60, híbrido recarregável (3.366)
4. Volvo XC40, híbrido recarregável (3.067)
5. Volvo XC90, híbrido recarregável (982)
6. BMW X3 XDrive 30E, híbrido recarregável (836)
7. BMW X5 XDrive 45E, híbrido recarregável (812)
8. Toyota RAV4H, híbrido (810)
9. BMW 330E, híbrido recarregável (579)
10. Porsche Cayenne, híbrido recarregável (554)
Os elétricos "puros" mais vendidos no Brasil em 2021 e quantidade entre parênteses
1. Nissan Leaf Tekna (439)
2.Porsche Taycan (379)
3. Volvo XC40 Recharge (375)
4. BMW Mini Cooper Electric (313)
5. Audi E Tron (252)
6. BMW i3 BEV 120AH (159)
7. Fiat 500 E Icon (146)
8. GM Bolt (132)
9. BYD ET3 (124)
10. Renault Kangoo (120)
Fonte: ABVE