O mercado de petróleo, que esnobou a cavalaria liderada pelos Estados Unidos para tentar baixar a cotação do barril, tremeu de novo diante do coronavírus, mais especificamente, a variante Ômicron.
Desde que atingiu o ápice dos últimos anos em 25 de outubro, quando chegou a US$ 85,65, a cotação do tipo brent, usado pela Petrobras para definir seus reajustes, caiu 18,9%, mesmo que nesta quinta-feira (2) teste leve reação, com alta de 0,78%, para R$ 69,41%.
O movimento de queda começou na sexta-feira passada (26), no mesmo dia em que a Ômicron, ainda nem batizada oficialmente, provocou queda nas bolsas ao redor do mundo. Desde então, já deixou os patamares de US$ 80 e de US$ 70, para se acomodar abaixo desse nível até agora.
A Ativa Investimentos atualizou nesta quinta-feira (2) a estimativa de defasagem do preço da gasolina doméstica para a internacional e apontou um "potencial baixista" de 5%. Por isso, a corretora avalia que é possível uma redução nos preços dos combustíveis pela Petrobras nos próximos dias.
— O potencial baixista é fruto da queda no preço do barril de petróleo internacional. Em geral, o mercado e diversas commodities reagiram a incerteza trazida pela nova variante Ômicron com o temor de possíveis novas restrições de mobilidade e queda de demanda — detalha Guilherme Sousa, economista da corretora.
O economista-chefe da corretora, Étore Sanchez, observa que a cotação do dólar está alta, em R$ 5,68, pelo que chama de "diversos descalabros fiscais" no país. Se a cotação da moeda americana tivesse ficado estável nos últimos dias, o potencial de redução seria ainda maior.
Mas se pressiona a Petrobras a rever seu preços, já que o discurso é acompanhar a variação do mercado externo, a acentuada queda na cotação do barril pode ter um efeito rebote. A OPEP+, que foi pressionada para aumentar a produção para frear os preços, ficará mais à vontade para fazer jogo duro. Ainda não há definição na reunião prevista para esta quinta-feira (2), mas era aguardada uma decisão de leve aumento na produção.
— O que tem mais peso na reunião é a decisão de diversas nações de usar a reserva estratégica. Os desdobramentos da reunião podem trazer um viés baixista ao preço do barril de petróleo — avalia Sanchez.
Alô, Petrobras, #ficaadica.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.