O que era um estudo vai se concretizar em breve: Novonor (novo nome da Odebrecht) e Petrobras vão vender juntas todas as ações preferenciais da Braskem, dona da maior parte do polo petroquímico de Triunfo. As três empresas anunciaram a decisão em notas separadas nesta quinta-feira (16).
O acordo prevê que, depois da primeira etapa, todas as demais ações da Braskem sejam vendidas em bolsa. Isso significa que uma das maiores empresas que atuam no Estado vai ficar "tipo Renner", ou seja, será uma corporação, sem controlador definido.
Não há prazo previsto para a venda. A de ações preferenciais deve ocorrer no primeiro trimestre. Como há várias etapas de preparativos, o processo completo deve se estender ao longo de 2022. No início do mês, quando a Braskem avisou que havia sido informada desse movimento, na época restrito à Novonor, as ações dispararam 11,85%, ajudando a bolsa ter o melhor desempenho do ano, uma alta de 3,66%.
Depois, no entanto, as cotações recuaram, reduzindo o valor de mercado da Braskem de R$ 44 bilhões para R$ 42 bilhões. A Novonor está em processo de recuperação judicial e quer usar os recursos da venda da Braskem para quitar ao menos parte de suas dívidas até julho de 2023.
A Braskem tem 797,2 milhões de ações, das quais 345,5 milhões são preferenciais (têm prioridade para receber dividendos) e 451,7 milhões são ordinárias (dão direito a voto, ou seja, a definir os rumos da empresa). Depois da venda das preferenciais, a empresa vai migrar para o Novo Mercado da bolsa de valores, com regras de governança mais exigentes. Esse movimento tende a valorizar as ações que serão vendidas mais adiante.
Com a decisão, não haverá, portanto, um novo controlador para a gigante da petroquímica, como se esboçou em 2019, quando chegou a ser anunciada uma negociação bem encaminhada para venda da Braskem à LyondellBasell, que desistiu por não ter sido informada sobre o tamanho do risco de estragos provocados por mineração em Alagoas. A Novonor tem 50,1% das ações ordinárias da Braskem e 38,3% do capital total, enquanto a Petrobras tem 47% das ações ordinárias e 36,1% do capital total.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo