Como todo brasileiro sabe, o país está mergulhado em crise energética. Como os gaúchos ficaram sabendo em julho, a situação do Sul piorou muito, e a região depende de socorro do Nordeste.
Mas mesmo assim, nem sequer um projeto gaúcho emplacou no leilão nacional de energia realizado na quinta-feira (30). Reforçar geração própria é essencial para reduzir custos da eletricidade e a dependência de importação, como ocorre agora.
Conforme Eberson da Silveira, diretor do Departamento de Energia da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura, desta vez não foi por qualquer restrição de conexão, como já ocorreu no passado. Os lotes de obras de transmissão estão todos adiantados em relação ao prazo original:
— Vamos agregar 8,8 gigavolts-ampère em nove lotes. Hoje, nenhum projeto gaúcho vai deixar de concorrer por falta de conexão porque, na época da entrega, já estaria conectado. Ontem (quinta-feira, 30) mesmo entregamos uma licença de operação para uma subestação em Gravataí para o consórcio Chimarrão, que deve entregar obras 100% neste ano.
Ampliar a capacidade de transmissão é como construir novas estradas para transportar a energia do local de geração, geralmente longe das cidades, até mais perto dos centros de consumo.
Silveira pondera que o leilão deste ano representou baixa contração de energia nova, de 861 megawatts (MW). Santa Catarina, por exemplo, conseguiu viabilizar uma hidrelétrica. Também foram aprovados 11 parques eólicos (BA, RN e PE), 20 usinas solares (CE, PI e SP) e oito térmicas, todas de biomassa ou resíduos sólidos (AL, MG, MT, MS e SP).
Essas disputas são vencidas por quem oferece geração por preço mais baixo. No leilão, o deságio médio não foi alto, de 17,48%. Esse tipo de oferta serve para complementar a necessidade das distribuidoras com nova capacidade. Neste momento, o problema do Brasil é poder operar a capacidade já instalada, especialmente a as hidrelétricas.
— Não dá para dizer que tenha sido falta de competitividade dos projetos gaúchos.
O diretor de Energia diz que o foco do trabalho até agora foi garantir que as obras fossem realizadas e não atrasassem. A partir de agora, aposta no avanço do chamado "sinal locacional", espécie de vantagem concedida à geração perto dos consumidores. Atualmente, o Rio Grande do Sul está sendo abastecido graças à importação de energia da Argentina e o Uruguia, e aumento do transporte de geração no Nordeste.