Quem pensou que o trimestre anterior havia sido o auge de crescimento da Gerdau pode revisar as projeções: no período de julho a setembro, a empresa de origem gaúcha teve aumento de 620% no lucro em relação a igual período de 2020, para R$ 4,6 bilhões.
Foi um recorde nos 120 anos de história completados neste ano, o que permitirá à empresa da empresa distribuir dividendos de R$ 2,4 bilhões. Ao cumprimentar pelo resultado trimestral, a coluna ouviu do diretor financeiro da companhia, Harley Scardoelli:
– Bom mesmo é o aumento no lucro acumulado no ano, de 800%.
Com esse resultado, nem as turbulências do mercado afetam o otimismo do CEO da Gerdau, Gustavo Werneck. A coluna quis saber que a mudança nos indicadores macroeconômicos preocupava, o executivo respondeu assim:
– É claro que as volatilidades de curto prazo têm impacto, às vezes negativo, às vezes positivo. É claro que uma alta do juro pode inibir investimentos imobiliários, mas nossa crença é de que o Brasil não vai voltar, no longo prazo, às taxas que teve antes. O juro subiu, mas há grande expansão no crédito imobiliário, que aqui no Brasil está abaixo de 15%do total, enquanto nos Estados Unidos chega a 85%. Então, há outros fatores que vão sustentar o mercado de construção nos próximos anos.
Não é um otimismo oco, frisou. As projeções internas da Gerdau apontam crescimento no consumo de aço em 2022 entre 4% a 6%. E mais do que com inflação e juro, a companhia está preocupada com falta de semicondutores. Não em casa, porque segundo Werneck esse foi um risco antecipado, e a a Gerdau tem todos os chips de que vai precisar para seus investimentos até o final de 2023, quando projeta a normalização desse mercado.
Mas a escassez afeta um de seus mercados, o da indústria automotiva. No entanto, afirmou o executivo, os veículos pesados consomem 10 vezes mais aços especiais do que os leves, e 60% do mercado automotivo da Gerdau está focado nesse segmento. Além disso, Werneck relevou que tem clientes com pedidos feitos para os próximos quatro a cinco anos. Inclusive, aqui do Estado, frisou à coluna, mas não quis contar o santo.
Com a recente redução no preço do minério de ferro, que fez o preço do aço disparar, a coluna quis saber se haveria repasse do custo menor aos clientes. Werneck respondeu assim:
– É um tema sensível, que envolve concorrência, então tomamos cuidado absoluto com ética e compliance. Quando há estabilidade entre oferta e demanda, há mais possibilidade de negociação de preço, em patamares que sustentem um nível adequado de rentabilidade para a Gerdau. Ao longo do próximo trimestre, deve haver maior competição no setor de construção, em vergalhões, mas estamos fortalecendo nossa posição em outros segmentos, como aços planos, chapa grossa e bobina a quente para manter nossa rentabilidade.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo