Com o preço do aço nas alturas, a Gerdau teve mais recordes na geração de caixa (medida pelo indicador Ebitda, que representa lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), de R$ 5,9 bilhões, e no lucro líquido ajustado, de R$ 3,4 bilhões, no segundo trimestre deste ano.
Com caixa reforçado e nível de endividamento abaixo da meta, o grupo siderúrgico nascido em Porto Alegre voltará a investir em aumento da capacidade.
Um novo projeto é a ampliação de 250 mil toneladas/ano de bobinas a quente e 500 mil t/ano de perfis estruturais em Ouro Branco (MG), ambas para 2024. Também estão previstas a retomada da operação em Araucária (PR), entre setembro e outubro, o "descongelamento" da expansão da Cosigua (RJ), e aumento na produção na antiga Silat, comprada em 2020, antes da pandemia, agora chamada Gerdau Caucaia, nome da cidade do Ceará onde se localiza.
— A Gerdau está com situação melhor de caixa e disposta a fazer investimentos orgânicos para atender mercados com boas margens. Mas não vamos fazer aquisições como no passado, e seremos muito rígidos a respeito da política de endividamento — disse Gustavo Werneck, respondendo à pergunta da coluna sobre novos projetos.
Em maio, Werneck havia detalhado o investimento em Charqueadas, unidade do grupo dedicada ao mercado automotivo, que terá modernização já mirando a produção de veículos híbridos e elétricos.
O CEO também afirmou que o grupo vai investir na autossuficiência energética por meio da construção de geradoras de energia solar. Uma já está contratada com a Shell Brasil para fornecimento de 190 megawatts (MW) em Brasilândia de Minas (MG). O executivo disse à coluna que o objetivo é abastecer toda produção própria com energia limpa, e não descartou a possibilidade de que a Gerdau Next, divisão de novos negócios, passe a construir parques fotovoltaicos para terceiros.
— É uma decisão ainda em aberto.
Com o setor pressionado por uma eventual redução na alíquota de importação, por pressão dos segmentos que reclamam dos reajustes acima de 100% nos preços do aço, Werneck ponderou que há um pressão global de custos no setor:
— A questão de preço é global. Os próximos 10 anos serão muito diferentes dos últimos 10 (quando as cotações do aço ficaram baixas, especialmente pela forte exportação chinesa). Houve uma grande mudança estrutural, a China reduziu seus patamares de exportação e está agora muito focada no mercado doméstico. A busca incansável no setor de redução da emissão de gases de efeito estufa provoca aumento da utilização de sucata, com redução no uso de minério de ferro e carvão, o que faz a sucata ficar em patamar mais elevado de preço.
Sobre a possibilidade de redução de tarifa de importação, que chegou a ser mencionada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Werneck afirmou que seria melhor "gastar tempo" na redução do custo Brasil. Segundo o executivo, já chega a 22% do PIB, ou R$ 1,3 trilhão.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo