Se 2020 deu à Gerdau o melhor resultado em 12 anos, este ano continua rendendo. O grupo siderúrgico nascido em Porto Alegre alcançou lucro ajustado recorde no primeiro trimestre, com ganho de R$ 2,5 bilhões. E conforme o diretor financeiro da empresa, Harley Scardoelli, não inclui qualquer efeito não recorrente, ou seja, é reflexo da melhora da rentabilidade da companhia.
Esse valor cobre cerca de 70% de todos os investimentos previstos para este ano, de R$ 3,5 bilhões, que voltaram a incluir a modernização de uma das duas unidades da Gerdau no Estado, a de Charqueadas, depois de muitos anos.
Essa planta, a antiga Aços Finos Piratini, está recebendo investimento de R$ 1 bilhão dividido com as usinas de Mogi das Cruzes e Pindamonhangaba, ambas em São Paulo. A produção de aço de Charqueadas é dedicada ao mercado automobilístico, mas o forte crescimento das vendas da Gerdau no Brasil está mais relacionado ao segmento da construção civil. O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, detalhou, respondendo a pergunta da coluna, que o investimento na unidade gaúcha se destina a preparar a siderúrgica para o mercado automotivo nos próximos 10 anos:
— O mercado automobilístico está cada vez mais solicitando aços especiais condizentes com veículos mais leves, alinhados à tendência de crescimento da produção de veículos híbridos e elétricos. Estamos concluindo um ciclo de investimentos que vai possibilitar atender de forma integral a essa demanda por aços mais leves, mais resistentes e mais limpos nos próximos 10 anos.
Também a geração de caixa foi a mais alta dos 120 anos da empresa: R$ 4,3 bilhões no indicador Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Conforme Werneck, esses recordes se devem ao aumento no consumo de aço em todos os países onde a companhia atua, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil. A receita líquida alcançou R$ 16,3 bilhões nos três primeiros meses do ano, 77% acima do período de janeiro a março do ano anterior, com aumento de vendas de 15%.
Durante a apresentação dos resultados do primeiro trimestre, Werneck foi questionado sobre os reajustes nos preços do aço, que têm pressionado especialmente a indústria metalmecânica e a de construção civil.
— Somos conservadores em relação ao tema de preços, o que significa que a empresa não gosta de falar sobre nossa política comercial. O que posso dizer é que a Gerdau vai continuar a perseguir patamar de rentabilidade semelhante ao do primeiro trimestre.
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