Uma das empresas que disputaram o leilão de privatização da CEEE-T, a paulista MEZ Energia lamentou muito ter sido superada pela "agressividade" da CPFL. Mesmo assim, está investindo quase R$ 1 bilhão no Estado e avisa que tem apetite para mais.
— A gente queria muito esse ativo. Era interessante, uma companhia que ficou parada no tempo em termos de investimento. Era uma boa oportunidade, a empresa enxergava valor por ter sinergia com nosso maior empreendimento. Ficamos entre os três primeiros, mas a CPFL foi muito agressiva — observa Maurício Zarzur, CEO da MEZ (pronuncia-se "emeêzê").
O maior empreendimento ao qual o empresário se refere são dois lotes de obras de transmissão arrematados em leilão no ano passado. Um deles é a subestação Porto Alegre IV, na Avenida Praia de Belas, que atende o coração da capital gaúcha. Era uma estrutura sob responsabilidade da CEEE, mas a falta de investimento levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a colocar a concessão em leilão, entrega o CEO da MEZ, que assumiu a unidade em abril passado:
— A Aneel colocou esse ativo no leilão porque via como risco de blecaute na cidade, estava sem investimentos.
Além da subestação crítica para Porto Alegre, a MEZ assumiu obras em diversas subestações da Região Metropolitana. O investimento previsto no edital é de R$ 907 milhões, com prazo de entrega em março de 2026. A estrutura da Praia de Belas, diz Zarzur, deve ser entregue em agosto de 2022, em apenas 12 meses. Nesse caso, convém à empresa antecipar, porque assim também acelera o recebimento de receita.
— Nos próximos anos, há um grande volume de investimento regulatório no Rio Grande do Sul. A gente gosta muito do Estado. Vamos olhar com bastante carinho os próximos ativos que forem a leilão, queremos estar na briga para ganhar esses ativos — diz o empresário.
E não se trata só de discurso: a MEZ vai incluir, na obra da subestação da Praia de Belas, uma regional de operação e manutenção. E desde abril, quando assumiu a operação da estrutura, mantém aqui um centro de operação remoto com capacidade para até 50 unidades.
A MEZ Energia tem origem na construtora EZ, do avô Ernesto Zarzur. Segundo o neto, é um diferencial em relação a outras empresas que atuam em transmissão, porque a construtora está "em família". Tanto Maurício quanto o pai, Marcos, têm Ernesto como segundo nome. Daí o nome MEZ, as iniciais de ambos.