Poucos gaúchos sabem, mas o Rio Grande do Sul abriga uma grande fábrica daquele material laminado do qual são feitas embalagens de muitos alimentos, de batata frita a chocolate: é Polo Films, às margens da BR-386, em Montenegro.
Depois de seis anos de pesquisa e investimento de R$ 20 milhões só nos três finais, a empresa se tornou a primeira do Brasil a ter uma alternativa reciclável e biodegradável nos chamados filmes de polipropileno biorientado (BOPP) — a palavra "filmes" neste caso, não envolve cinema, mas a ideia de "película", ou seja, um material fino e flexível.
Esse tipo de embalagem tem requisitos específicos, como a barreira de segurança ao alimento — para impedir qualquer contaminação —, e também isolar os salgadinhos de luz e ar para manter sua crocância. O desafio era garantir essas propriedades e com um material reciclável, biodegradável e que não gera microplásticos, resíduos tóxicos ou contaminantes na decomposição.
A Polo Films fez a linha b-flex, que depois do descarte adequado — em ambientes anaeróbicos, como aterros sanitários — é consumido por micróbios como alimento e fonte de energia. Isso é possível com uma série de processos químicos e biológicos, cujos subprodutos são húmus e biogás. Assim, a tecnologia do b-flex desfaz a característica que transformou os plásticos em vilões ambientais: a grande durabilidade, que faz com que levem séculos para desaparecer na natureza.
Nos seis anos de testes em laboratório simulando ambiente de aterro sanitário, o b-flex atingiu 71% de decomposição. Depois de uma bateria de avaliações realizada nos Estados Unidos, o b-flex teve biodegrabilidade chancelada pelo ASTM D5511, principal método de teste empregado pelos laboratórios independentes norte-americanos.
Além de batata frita e chocolate, o b-flex pode embalar vários tipos de salgadinhos, biscoitos, barra de cereais, rótulos de refrigerantes e produtos de higiene e limpeza. Com mais de 40 anos de mercado, a Polo Films produz 60 mil toneladas anuais e exporta para toda a América Latina e Estados Unidos.
Quem passa na BR-386 só vê a portaria, mas não imagina o pavilhão gigante que existe atrás do arvoredo que cerca a unidade de Montenegro (veja a foto aqui embaixo). A Polo Films conquistou o selo Bronze EcoVadis, classificação de sustentabilidade empresarial global, e está em processo de alinhamento com os indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, e da Ellen MacArthur Foundation. Nos últimos três anos, a empresa investiu mais de R$ 60 milhões na manutenção e modernização do parque fabril.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo