Não foi à toa que a promessa de mudar "praticamente todo" o texto da reforma do Imposto de Renda enviado à Câmara dos Deputados tinha uma relativização — "praticamente" — e foi feita a empresários.
No substitutivo do deputado federal Celso Sabino (PSDB-PA), relator da fatia 2 da reforma tributária, agora já entregue formalmente, a classe média ficou a ver leões.
Havia expectativa de que, assim como um alívio tributário às empresas, o que foi confirmado no parecer de Sabino, viesse ao menos um aumento do limite para uso do desconto simplificado de 20%. A proposta entregue pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, havia restringido essa possibilidade apenas a quem ganha salário mensal de até R$ 3 mil.
No entanto, conforme informações da Câmara dos Deputados, "em relação ao Imposto de Renda da Pessoa Física, Sabino manteve a proposta do texto original do Executivo". Isso significa que, especialmente para quem ganha de R$ 3 mil a R$ 12 mil e não tem deduções específicas para apresentar à Receita, as perdas com a limitação serão maiores do que os ganhos com a correção parcial da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Os maiores beneficiados são os que ganham entre R$ 1.903,98 e R$ 2,5 mil por mês, que passam a ser isentos.
Mas a principal missão de Sabino foi cumprida: desde que o deputado tuitou sobre as principais mudanças no projeto, a bolsa de valores inverteu sua trajetória no dia de queda para alta: trafegava na faixa de 126 mil pontos antes da saraivada de tuítes de Sabino, subiu para o nível de 128 mil pontos. A uma hora do fechamento, tem alta de 0,55%. O mercado financeiro vinha reagindo negativamente à proposta de Guedes desde a entrega à Câmara, no dia 25 de junho, quando os detalhes foram conhecidos.