Um negócio que movimentou o mercado financeiro nesta segunda-feira (5) foi a associação (joint venture, no jargão corporativo) entre a gaúcha Grendene e a 3G Radar — parte do grupo do maior bilionário brasileiro, Jorge Paulo Lemann.
As ações da indústria gaúcha chegaram a subir mais de 4%, depois se acalmaram, mas ainda fecharam com alta de 1,5% num dia em que o Ibovespa fechou em baixa de 0,55%.
A coluna quis saber o motivo de tanto entusiasmo no mercado, e perguntou ao diretor de relações com investidores da Grendene, Alceu Demartini de Albuquerque:
— O objetivo da operação é ampliar nossa presença no mercado internacional. A Grendene é uma das maiores produtoras de calçados do mundo e tem apenas 1% do mercado, que é bastante fragmentado.
Como a 3G tem um histórico reconhecido de consolidações — formou, passo a passo, o império global de cervejas Ambev/Inbev, entre outras grandes aquisições —, a coluna quis saber se já havia alguma compra engatilhada. Albuquerque disse não descartar a possibilidade, mas ponderou estar ainda "limitado" para comentar os desdobramentos do negócio. Também frisou que todos os movimentos relacionados à associação se darão no Exterior, nada no Brasil.
— Esperamos aumentar exponencialmente as vendas da Grendene no mercado internacional. O número não é exato, mas só para dar uma ideia, se hoje vendemos 50 milhões, queremos ir a 100 milhões, 200 milhões, 400 milhões. Esse será o primeiro ganho. Depois, tem o segundo. Esse mercado hoje funciona com um distribuidor em cada país, que compra da gente, estoca e depois revende. Com a joint venture, que é 50,1% 3G e 49,9% Grendene, vamos ter uma participação nos ganhos dessas vendas, que hoje não temos. Vamos capturar parte do resultado do canal de distribuição — detalhou Albuquerque.
Conforme o diretor, além de ser uma das maiores produtoras de calçados do planeta, a Grendene é uma das mais eficientes, que tem uma das maiores margens do setor no mundo. Mas tem, por outro lado, "certa dificuldade de atrair capital humano", avalia, por não estar no centro do país — o comando das operações é em Farroupilha. A 3G, pondera, entra também com a expertise do mercado de varejo e sua extensa rede de contatos global.