Mato Queimado, na Missões, noroeste do Estado, tem apenas 11,9% da população formada por pessoas entre 15 e 29 anos. Esse percentual é menor do que a média do Japão, que tem a menor proporção de jovens no mundo (14,7%).
Além disso, estão no Rio Grande do Sul nada menos de 18 das 20 cidades com menor proporção dessa faixa etária em todo o país, aponta a pesquisa Jovens: Projeções Populacionais, Percepções e Políticas Públicas, realizada pela FGV Social.
Conforme Marcelo Neri, diretor da FGV Social, depois de se manter por quase duas décadas com pouco mais de 50 milhões de jovens de 15 a 29 anos, o Brasil verá essa faixa encolher a partir deste ano. Na avaliação de Neri, o contingente jovem pode chegar ao fim do século reduzido quase à metade de seu tamanho, diminuindo as possibilidades da prosperidade da nação.
É o "fim do bônus demográfico" para o qual costuma alertar o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda do Estado. Na pesquisa, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro estão empatados como Estados com a menor proporção da população entre 15 e 29 anos (22,1%), mas a concentração de cidades com essa faixa etária estreita impressionou o pesquisador, que dividiu os dados com a coluna.
Neri pontua que o Rio Grande do Sul e o Brasil não envelhecem sozinhos: até 2060, a projeção é de que percentual de jovens diminua em 95% dos 201 países com esse tipo de dado disponível. Além do Japão, com o menor percentual de jovens do mundo (14,7%), as menores proporções são de Itália (15%), Espanha (15,3%), Grécia (15,9%) e Portugal (15,9%).
A pesquisa inclui dados sobre aspirações e avaliações de jovens em todo o mundo, o que permite comparar com a visão dos brasileiros. A autoavaliação geral da felicidade desse público no Brasil (média de satisfação com a vida no presente), era de 7,2 em 2013/14, caiu para 6,7 em 2017/18 e recuou para 6,4 em 2019/2020. Essa queda de 0,8 ponto seis anos é a terceira maior em 132 países. O nível 6,4 é o mais baixo da série brasileira de satisfação com a vida.