O Rio Grande do Sul voltou a registrar, em 2019, menor nível de crescimento vegetativo. Na prática, isso significa que a diferença entre o total de nascimentos e o número de mortes caiu novamente. O quadro reforça a tendência de envelhecimento da população, o que acentua o desafio demográfico no Estado.
No ano passado, a diferença entre nascimentos e mortes foi de 45,4 mil habitantes. Assim, a taxa de crescimento vegetativo caiu para 0,4%. Os números são os menores desde o início da série histórica, com dados a partir de 2000.
O Departamento de Economia e Estatística (DEE) é o responsável pelo estudo, divulgado nesta quarta-feira (2). O órgão é vinculado à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão.
Para chegar aos dados, o levantamento avaliou as taxas de natalidade e mortalidade. Em 2019, o número de nascimentos caiu para 134,5 mil no Rio Grande do Sul — em 2018, foram 140 mil. Com isso, a taxa de natalidade foi de 1,18%. Também é a menor da série histórica. Enquanto isso, a taxa de mortalidade registrou estabilidade (0,78%), com 89,1 mil óbitos.
Ou seja, o crescimento vegetativo de 45,4 mil habitantes resulta da diferença entre 134,5 mil nascimentos e 89,1 mil mortes. Pode ser interpretado como o avanço real da população, sem contar a entrada de migrantes. Até então, o menor crescimento vegetativo havia sido registrado em 2018 (0,45%).
Os números de outras unidades da federação, referentes a 2019, ainda não estão disponíveis, conforme o DEE. Em 2018, o Estado já havia apresentado a menor taxa do Brasil. À época, o crescimento vegetativo no país, em média, havia sido de 0,77%.
A situação respinga na economia. Com menos nascimentos, o Estado pode ter menos habitantes aptos a produzir bens e serviços no futuro.
— Se a população cresce menos, não há a contribuição do bônus demográfico para o crescimento econômico como um todo. Sem isso, é preciso aumentar a produtividade. Não tem jeito. É preciso fazer com que os trabalhadores consigam produzir mais — pontuou o diretor do DEE, Pedro Zuanazzi, responsável pelo estudo.
Conforme Zuanazzi, ganhos de produtividade passam por avanços em áreas como educação e infraestrutura. O diretor destacou ainda que, por meio do crescimento econômico, o Rio Grande do Sul pode atrair trabalhadores de outras regiões. Os imigrantes, lembrou Zuanazzi, geralmente têm idades aptas para o mercado profissional.
— A produção é imediata. É o contrário do que ocorre com os nascimentos, já que as pessoas costumam levar 15 anos ou mais para começar a produzir — apontou.
O estudo do DEE também ressalta que a população residente no Rio Grande do Sul vem crescendo menos em termos absolutos. Em 2019, o Estado tinha 11,4 milhões de habitantes, ante 11,3 milhões de 2018. O avanço foi de 0,42%.
O secretário estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão, Claudio Gastal, mencionou que as informações levantadas podem ajudar empresas no dia a dia:
— O investimento privado precisa de dados para tomar a melhor decisão.
População em idade de atuar
No Estado, 7,2 milhões de pessoas estão na faixa etária hipoteticamente apta a produzir, de 15 a 59 anos. A marca representa 63,47% do total de habitantes.
As regiões do Vale do Sinos e do Vale do Paranhana concentram oito dos 10 municípios com maiores percentuais de moradores potencialmente ativos. O recorte leva em conta cidades com mais de 20 mil habitantes.
Assim como em 2018, Dois Irmãos lidera o ranking, tendo 22,7 mil dos 32,9 mil habitantes nessa faixa etária (69,12%). Na sequência, vêm Charqueadas (68,05%), Nova Hartz (67,70%), Parobé (67,50%) e Ivoti (67,35%).
Na outra ponta do ranking, dos municípios com menores percentuais da população entre 15 e 59 anos, estão Imbé (59,04%), São Sepé (59,51%), Santana do Livramento (59,78%), Tramandaí (59,79%) e Caçapava do Sul (59,83%).
Idosos
No Rio Grande do Sul, 18,19% da população é considerada idosa, com 60 anos ou mais. São Sepé (24,15%), Caçapava do Sul (23,08%) e São Lourenço do Sul (22,65%) são os municípios com maior percentual nessa faixa etária.
Jovens
Em 2019, o percentual de jovens na população do Estado era de 18,34%. O recorte contempla habitantes com até 14 anos.
Capão da Canoa (24,06%), Tramandaí (22,93%) e Alvorada (22,19%) estão no topo do ranking entre os municípios com mais de 20 mil habitantes.
Mais mulheres
A pesquisa confirma ainda que as mulheres permanecem como maioria na população gaúcha. São cem pessoas do sexo feminino para 94,8 homens. O Estado reúne 5,8 milhões de mulheres, que representam 51,33% dos habitantes.
Entre os municípios com mais de 20 mil pessoas, Porto Alegre continua com o maior percentual de pessoas do sexo feminino (53,80%), seguida por Pelotas (52,96%) e Cruz Alta (52,83%).
As cidades em que o percentual de homens é mais significativo são Charqueadas (59,73%), que reúne população carcerária masculina, São Francisco de Paula (51,23%) e São José do Norte (51,08%).