Entre janeiro e março, a Colnaghi teve o melhor primeiro trimestre de seus quase trinta anos. O salto na receita – basicamente, comissões sobre vendas de imóveis – foi de 245% ante igual período de 2020.
Para seguir nessa velocidade, a empresa criou uma equipe focada apenas em lançamentos, já que a projeção do Sinduscon-RS é de que o valor de imóveis novos oferecidos em Porto Alegre neste ano também quebre recorde, alcançando R$ 8 bilhões.
Segundo Paulo Colnaghi, fundador da empresa, a imobiliária vai usar a experiência acumulada na compra e venda de imóveis usados de alto padrão. Seu plano é crescer de 50% a 70% nesse segmento até 2023. Há poucos dias, sua imobiliária vendeu uma unidade no "prédio mais luxuoso de Porto Alegre", o Cyrela by Pininfarina, por R$ 6,1 milhões. Esses clientes, observa, costumam pedir discrição sobre sua identidade.
– Um dos motivos para compra que já me comentaram é que a garagem é projetada para que as Ferrari possam entrar sem raspar no chão, já que são carros baixos. Claro que há aspectos objetivos, a rua é charmosa, o prédio fica no centro do terreno, na parte alta, tem vista para árvores que serão preservadas. Mas esse é um mercado em que a vaidade também pesa, se o amigo comprou, o outro também quer estar lá — avalia Colnaghi.
Para quem ainda se admira com a quantidade de projetos de alto luxo, o empresário diz que os compradores costumam ser empresários, advogados e médicos muito destacados e produtores rurais que aproveitam a alta do preço da soja. Na visão de Colnaghi, o mercado de apartamentos milionários tem uma clara subdivisão: o alto padrão começa em R$ 1,5 milhão, enquanto o luxo parte de R$ 5 milhões.
— Ainda existe grande demanda de imóveis de alto padrão. Como os usados se valorizaram bastante com a alta procura, quem consegue colocar no negócio só precisa pagar o financiamento do restante e, como são pessoas com boa capacidade de endividamento, fica mais fácil. Muitos querem ter segurança de um retorno a mais que não seja na bolsa de valores.
A pandemia não acelerou as vendas só como busca de mais conforto, pondera. Aguçou o que chama de "sensação de finitude", o que fez com que os pais comprassem imóveis para os filhos e não adiassem decisões. Descarta, portanto, risco de "bolha imobiliária", que começou a ser discutido no centro do país.
— Esse mercado passou por muitas fases desde o início da pandemia, e em cada uma temos de aprender tudo de novo. Ainda não sabemos como vai se estabilizar, mas nada no horizonte sugere algum tipo de bolha.