Depois da aprovação para privatizar Corsan, Banrisul e Procergs sem plebiscito, a cautela domina os próximos passos do governo no processo de venda da estatal de água e saneamento, considerado prioritário.
Os prazos passaram a ser relativizados e até a forma de venda, definida pelo governador Eduardo Leite já no anúncio da decisão de privatizar a Corsan, pode ser revista.
Depois de Leite ter afirmado que a estatal deveria ser privatizada no formato de capitalização (venda de ações de forma pulverizada no mercado, sem o tipo de leilão feito para a desestatização da CEEE-D), agora tudo será redefinido "em diálogo e aprofundamento com base (de apoio ao governo na Assembleia) e prefeitos" que ainda serão iniciados neste mês, conforme o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos.
Há resistências à privatização, especialmente entre os prefeitos. Nos planos do presidente da Corsan, Roberto Barbuti, o ideal seria fazer a abertura de capital da Corsan diretamente no Novo Mercado, segmento da bolsa de valores dedicado a empresas com alto padrão de governança corporativa.
Como a inclusão nesse patamar exige adoção de regras que ampliam os direitos dos acionistas, as ações também costumam ser mais valorizadas. Para isso, a emissão teria de ser apenas de papéis ordinários, ou seja, que dão direito a votar nas decisões sobre a empresa. Quem detém 50% mais uma ação ordinárias tem o controle da companhia.
Sobre esse modelo, o secretário-chefe da Casa Civil afirma que também será "aprofundado" nas conversas que vão começar neste mês. Embora houvesse expectativa de que o projeto de lei com as regras para privatização fosse à Assembleia no próximo mês, Lemos não se compromete com esse prazo, que parece escasso para "aprofundar" o debate com esses dois públicos — deputados aliados e prefeitos — que ainda vai começar.
Mas também avisa que o governo não pretende fazer "nada que comprometa o foco de universalizar até 2033". Ou seja, cautela não significa necessariamente demora.