Depois do suspense criado pela ausência do novo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, na apresentação dos resultados da empresa no primeiro trimestre, na sexta-feira (14), surgiu um sinal de que a estatal vai manter o alinhamento de preços.
Está em estudo no Planalto um plano para caminhoneiros que inclui uma espécie de vale para compensar, especificamente para a categoria, os efeitos das oscilações do valor do diesel.
Como Silva e Luna havia afirmado, na posse, que preservaria a estratégia de repassar as variações internacionais para as refinarias, e na sexta-feira (14) mandou apenas um vídeo gravado sem reafirmar esse compromisso, havia crescido o temor de mudanças drásticas nessa área. O diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella, assegurou que a atual gestão "segue com liberdade e independência na prática dos nossos preços", mas que os ajustes agora serão feitos em "tempo intermediário".
A cogitação do vale reforça a posição dos assessores contrários a uma interferência mais pesada na Petrobras, como Paulo Guedes, da Economia. O ministro já até atribuiu a mudança na presidência da estatal a uma "satisfação política" de Bolsonaro aos caminhoneiros. O atual presidente chegou a gravar um vídeo em apoio à greve dos caminhoneiros de março de 2018, que praticamente parou o país. Entre janeiro e fevereiro, muitos aumentos acumulados provocaram nova tentativa de paralisação, que acabou não se confirmando.
Mais uma vez, a solução terá de passar pela Caixa, que criaria uma espécie de cartão de crédito a ser usado quando houvesse aumentos no preços do diesel. A solução do subsídio direto, argumentam economistas e especialistas em petróleo, é mais simples e mais barata do que outras alternativas, como a fixação da alíquota de ICMS.
A Caixa ainda ofereceria empréstimos com juros mais baixos para caminhoneiros e crédito para donos de postos em rodovias, para oferecer áreas de descanso e atendimento aos profissionais em viagem. Essa seria a solução para um dos maiores problemas gerados pela disparada nos combustíveis, que tende se agravar com a gradativa normalização das economias.
No entanto, ainda será preciso resolver outros dois: o do preço dos botijão de gás, que afeta as famílias de renda mais baixa, a ponto de aumentar a queima de lenha para cozinhar em áreas periféricas, e a do tarifaço no asfalto definido neste mês, que embute o risco de atraso em obras. E os aumentos da gasolina? Esses terão de ser absorvidos pela classe média, com o risco de elevar ainda mais a pressão inflacionária no país.