Havia muita expectativa, nesta sexta-feira (15), sobre a estreia do novo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, em contatos com investidores e imprensa.
Para detalhar os números da estatal no primeiro trimestre, estavam previstas teleconferência com analistas de mercado pela manhã e entrevista coletiva à tarde. Na primeira, houve apenas um vídeo gravado do general. Na segunda, nem isso.
Esse não é um comportamento habitual de CEOs de grandes empresas. Mesmo os muito discretos, que evitam exposição gratuita, comparecem escrupulosamente a esses momentos de prestar contas ao mercado e à sociedade sobre a atuação da empresa no período, tenham bons ou maus resultados a apresentar.
O lucro de R$ 1,167 bilhão no primeiro trimestre e o aumento de participação no mercado provocaram alta nas ações da Petrobras, que no meio da tarde chegava a 4,5%. Ou seja, seria um bom dia para a estreia. Se o presidente não comparecer em momentos favoráveis, o fará nos desfavoráveis?
Analistas de grandes bancos, como Bradesco e Credit Suisse, destacaram os bons dados, mas observaram que o mercado ainda quer entender melhor como a nova gestão vai administrar os preços dos combustíveis, já que voltou a se falar em fundo de estabilização. O Morgan Stanley foi mais específico, observando que há percepção crescente de intervenção do governo, o que gera preocupação de que a gestão perca independência.
Na falta do general para dar alguma garantia, coube ao diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella, responder sobre o tema. Pela manhã, disse que a atual gestão "segue com liberdade e independência na prática dos nossos preços". À tarde, fez questão de dizer que "talvez tivesse ocorrido algum mal-entendido" e afirmou que os reajustes já havia sido feitos em prazos muito curtos e em muito longos, e a estratégia atual é ajustar em "tempo intermediário".