Em fevereiro, na esteira da valorização do bitcoin, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), confirmou que a instituição avaliaria "ainda neste ano", a criação de um dólar digital.
Pouco mais de um mês depois, a China anunciou a criação de sua criptomoeda, o cyber yuan.
O assunto ganhou atenção mundial na segunda-feira (5), quando foi publicado no The Wall Street Journal, o principal jornal especializado em economia dos EUA. No início deste ano, a constatação de que já existem US$ 1 trilhão de bitcoins emitidos no planeta — mais da metade de toda a riqueza produzida no Brasil em um ano —, acelerou a institucionalização das criptomoedas.
A reportagem do WSJ, como o jornal é conhecido, lembra que foi também a China, há mais de mil anos, que criou a forma atual de circulação de valor no planeta, o papel. Até então, só circulavam moedas (palavra usada até hoje quando se quer referir a "reserva de valor").
Desenvolvido desde 2014, o yuan digital vai contrariar um dos princípios das criptomoedas, o anonimato de titularidade. Como se espera de um país centralizador, a moeda virtual oficial será emitida pelo Banco Popular da China, o banco central local.
No país, inclusive, é proibida a circulação de qualquer uma da centena de instrumentos virtuais de troca de valor, bitcoin incluído. E a onda de valorização da mais conhecida das criptomoedas continua: chegou a bater em US$ 61,2 mil em meados de março, é cotada agora em US$ 58,5 mil.
O que se prevê, na China, é que o yuan digital seja vinculado ao número de celular de cada chinês, que movimentará esses recursos por aplicativos. No Ano Novo Lunar, que ocorreu em fevereiro, o governo chinês distribuiu o equivalente a cerca de R$ 35 milhões em moeda digital, por meio de uma loteria pública, para iniciar os testes.