Se ele já conseguiu vender até lança-chamas para chamar atenção, pode se tornar o ponto de inflexão da oscilante trajetória das criptomoedas.
A Tesla, a empresa de carros elétricos de Elon Musk, comprou US$ 1,5 bilhão em bitcoins e fez a cotação da moeda virtual entrar em órbita como os produtos de sua outra conhecida companhia, a SpaceX.
No início deste ano, Musk superou Jeff Bezos como homem mais rico do mundo no ranking Bloomberg Billionaires Index. Quando isso ocorreu, a fortuna do empresário era de US$ 188,5 bilhões. Em um mês, subiu para US$ 203 bilhões.
Assim que a compra da Tesla foi tornada pública, por meio de registro na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), o bitcoin disparou e atingiu o recorde de cotação, de US$ 44 mil. Conforme o site especializado Portal do Bitcoin, em reais também houve novo recorde, com alta de de 11% e preço de R$ 234.651. Já dá para tirar o diminutivo do "apartamentinho" que daria para comprar com uma unidade da moeda, como a coluna relatou sobre a valorização em 2020.
Se Donald Trump governava os EUA pelo Twitter, Musk é uma espécie de "garoto propaganda" master da rede social de textos curtos. No final de janeiro, havia feito o bitcoin subir apenas com a inclusão da hashtag em seu perfil (#bitcoin). Pouco antes, elevara em cerca de 15% as ações da desenvolvedora de games CD Projekt Red, da Polônia, ao elogiar seu lançamento Cyberpunk 2077. Recentemente havia aumentado em cerca de 9% os papéis do site de venda online de artesanato Etsy. Ainda tuitou impulsionando a estratégia de valorização das ações da GameStop, que provocou comoção no mercado financeiro.
Essa característica provoca ironias na própria rede, como a abaixo (em tradução muito literal, para fazer sentido: "Elon Musk: vejo você mais tarde, jacaré. Twitter: haha, meudeus, chocante, vamos comprar jacarés").
Se algumas palavras de Musk pelo Twitter têm esses efeitos, imagine um investimento de US$ 1,5 bilhão, ainda mais acompanhado da informação de que a Tesla pretende começar a aceitar bitcoins como forma de pagamento por seus desejados carros elétricos de luxo, mesmo que "inicialmente em base limitada", como consta no comunicado à SEC. Musk pode se tornar o marco de uma nova etapa do bitcoin, ainda cercado de ceticismo e desconfiança. Ou, como o bilionário é imprevisível, ser apenas mais um episódio de excentricidade, como foi a venda dos lança-chamas.