Depois de um resultado de pesadelo e outro de sonho, a atividade econômica do Rio Grande do Sul deparou com a dura realidade de 2020: o Produto Interno Bruto gaúcho despencou 7% no ano passado, maior queda desde 2002. No quarto trimestre, a economia gaúcha cresceu 2,7% ante o excepcional período anterior.
Conforme os dados apresentados nesta quarta-feira (17), o tombo teria sido semelhante ao da média nacional (-4%) se o Estado não tivesse enfrentado uma estiagem no mesmo ano em que teve de encarar uma pandemia.
Nos períodos de falta de chuva de 2005, 2009 e 2012, a queda não passou de 3%. Como a queda da agropecuária atingiu 26,9% no ano passado, na comparação com 2019, os técnicos do Departamento de Economia e Estatística (DEE) fizeram o que chamaram de "suposição": se a agropecuária e outra atividade dependente de chuva, a de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana tivessem crescido à mesma taxa do Brasil, o PIB do Rio Grande do Sul teria apresentado queda aproximada de 4,3%, não de 7%. Nesse segmento, o maior peso é de hidrelétricas, que tiveram de interromper a atividade para poupar água em 2020.
– É um exercício, uma aproximação – detalhou Martinho Lazzari, estatístico que apresentou os dados.
Nos dados marcados pelos sinais negativos, a indústria de transformação (não conta a extrativa, que é pouco representativa no Estado) cresceu 9,4%, no quarto trimestre, sobre igual período de 2019. E no acumulado de 2020, o setor fabril perdeu 3,9%, mas menos do que a média nacional, de 4,3%. No ano, três segmentos da indústria formaram oásis de crescimento: produtos do fumo, com alta de 8,9%, produtos de metal, com avanço de 8,8%, celulose e papel, que subiu 5,3%. Não por acaso, a Tramontina (foto), que fabrica produtos de metal, acaba de fazer financiamento com o BNDES no valor de R$ 304,4 milhões para investir na ampliação de suas unidades.
Um dado preocupante da atividade econômica do Estado no ano passado foi a queda de 7,4% no PIB per capita, para R$ 41.449,67. Esse valor, é bom ter em conta, não é a renda anual de cada gaúcho, apenas o resultado da divisão da riqueza produzida pela população. Mesmo em declínio, o PIB per capita gaúcho ainda é 17,8% maior que o PIB per capita médio nacional.