Quando foi anunciada a queda de 3,3% da economia gaúcha no primeiro trimestre, já se sabia que o segundo seria pior, por combinar o fundo do poço da crise provocada pela pandemia de covid-19 e a quebra da safra de verão provocada pela estiagem, que tem nesses meses o período mais forte de comercialização.
Nesta sexta-feira (18), foi confirmado que o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul despencou 13,7% de abril a junho de 2020, em relação ao primeiro trimestre deste ano, e 17,1% ante o mesmo período de 2019, dois tombos históricos.
Ao apresentar o resultado, o secretário do Planejamento, Claudio Gastal, secretário de e Planejamento, Governança e Gestão, que havia adiado o anúncio do PIB na semana passada, observou que se trata de um trimestre "bastante atípico". Não bastasse a combinação de pandemia com estiagem, a crise afetou uma importante área da indústria no Estado. O segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias perdeu 70,2% em relação ao segundo trimestre de 2019.
Martinho Lazzari, pesquisador do Departamento Estadual de Economia (DEE) que apresentou os dados chegou a projetar "recuperação em V" para a economia gaúcha, diante dos dados de julho até este mês. A coluna quis saber se era possível garantir um V perfeito, ou seja, com a perna da volta tão inclinada quanto a da queda. Lazzari ponderou que é preciso tomar cuidado com esse tipo de projeção:
– É mais pelo fato de acreditar que a economia gaúcha saiu do fundo do poço. Com dados que vemos agora, podemos ter bastante confiança nisso. Ainda não temos condições de dizer qual o tamanho da segunda perna do V, talvez seja mais parecido com uma raiz quadrada, mas o que se vê pela frente é recuperação.
Embora o cálculo do PIB do Estado siga a mesma metodologia do IBGE, que apura o PIB nacional, não inclui um dos poucos sinais de futuro que é possível capturar na visão de retrovisor que o indicador oferece, a apuração do volume de investimento no período. Segundo Lazzari, há planos de incluir algum tipo de informação nos estudos sobre o comportamento de novos aportes na economia gaúcha.
– O que nos permite prever um futuro melhor são indicadores agrícolas, que melhoraram com o fim da estiagem. Essa recuperação já deve acontecer no terceiro e no quarto trimstres, mas deve se concretizar no primeiro de 2021.