As perdas dos municípios gaúchos comunicadas ao Ministério do Desenvolvimento Regional e à Defesa Civil Estadual por desastres naturais somam R$ 17.466.975.598,03 em 2020, um recorde histórico. O levantamento exclusivo feito por GZH junto ao Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres do Governo Federal leva em conta o período de 10 de janeiro a 17 de dezembro deste ano. Nesse sistema, cada prefeitura do país comunica o prejuízo estimado que teve e por qual motivo. Se comparado a 2019, quando as perdas informadas chegaram a R$ 1,1 bilhão, o aumento é de 1.445%.
Neste ano, embora o coronavírus apareça como razão para as perdas consideráveis — o que não se tinha no relatório do ano passado, já que a pandemia começou em março —, o principal motivo é a estiagem. Mas há também prejuízos por tempestades e inundações, por exemplo.
Neste ano, 463 dos 497 municípios gaúchos informaram perdas causadas por desastres naturais. Representa 93,15% das prefeituras do Estado. Para se ter uma ideia do agravamento de um ano para outro, em 2019, 56 fizeram esse comunicado. Agricultura, Pecuária, Indústria e o segmento classificado como “Assistência médica, saúde pública e atendimento de emergências médicas” lideram o ranking de perdas.
No levantamento, constam os chamados registros (quando é feito o comunicado de prejuízo apenas para constar no histórico do município), reconhecimento (quando o desastre natural é reconhecido pela Defesa Civil Nacional para fins de decretação de situação de emergência ou calamidade pública, por exemplo) e não reconhecimento (quando o desastre natural é comunicado para fins de decretação de situação de emergência ou calamidade pública, por exemplo, e acaba negado por não atingir índices de prejuízos estabelecidos por lei).
Coordenador da Defesa Civil do Estado, o coronel Júlio César Rocha Lopes diz que os prejuízos causados pela estiagem já eram previstos, mas que foram mais severos do que o esperado.
— A estiagem já está assolando o Rio Grande do Sul, principalmente na metade norte, nordeste do Estado. Só para vocês terem um exemplo. No ano passado, nós tivemos o primeiro município a decretar situação de emergência, que foi Chuvisca, em 24 de dezembro. Hoje, nós estamos com mais de cem municípios em situação de emergência – ressalta o coronel.
Segundo Rocha Lopes, os prejuízos do ano passado ainda não foram recuperados e os municípios já entraram numa nova onda de perdas causadas pela estiagem.
— Fizemos reuniões com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, em Brasília, justamente para a gente otimizar e acelerar processos para que todo esse sistema funcione de uma forma mais célere – destaca.
O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen, também cita a estiagem como o principal motivo dos prejuízos, mas lembra que a pandemia ampliou os problemas que já eram grandes.
— O ano de 2020 foi, sem dúvida, o ano mais difícil e desafiador para todos os municípios do Brasil, mas especialmente do Rio Grande do Sul. Nós iniciamos o ano com estiagem, depois fomos atropelados pela pandemia. No meio da pandemia, tivemos enchentes e vendavais. E encerrando o ano, nós temos novamente uma estiagem que assola os municípios – lamenta Hassen.
Prejuízos por setores:
Agricultura
R$ 14.699.507.698,7
Pecuária
R$ 2.380.740.910,08
Indústria
R$ 210.979.927
Assistência médica, saúde pública e atendimento de emergências médicas
R$ 60.189.885
Comércio
R$ 35.093.887
Abastecimento de água potável
R$ 25.273.125
Segurança pública
R$ 20.074.172
Serviços
R$ 18.822.401
Transportes locais, regionais e de longo curso
R$ 7.155.760
Geração e distribuição de energia elétrica
R$ 4.656.000
Sistema de limpeza urbana e de recolhimento e destinação do lixo
R$ 2.809.943
Sistema de desinfestação/desinfecção do habitat/controle de pragas e vetores
R$ 782.885,81
Esgoto de águas pluviais e sistema de esgotos sanitários
R$ 419.278
Telecomunicações
R$ 221.000
Ensino
R$ 207.079
Distribuição de combustíveis, especialmente os de uso doméstico
R$ 41.647,05
Prejuízos comunicados nos últimos seis anos pelos municípios gaúchos:
- 2015: R$ 2.887.250.580,42 (janeiro a dezembro)
- 2016: R$ 1.676.894.094,11 (janeiro a dezembro)
- 2017: R$ 1.666.980.342,76 (janeiro a dezembro)
- 2018: R$ 2.191.650.245,15 (janeiro a dezembro)
- 2019: R$ 1.136.680.444,08 (janeiro a novembro)
- 2020: R$ 17.466.975.598,03