Até o final de março, está em curso uma tentativa de resgatar o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Nesta quinta-feira (4), diplomatas europeus disseram que há um esforço conjunto para elaborar uma declaração complementar, que envolve a preservação da Amazônia, para poder retomar as negociações.
– Perder a confiança é fácil, restabelecer é mais complicado disse Ignácio Ibañez, chefe da delegação da UE no Brasil (cargo equivalente ao de embaixador).
– Tudo que puder ser feito para recuperar essa confiança é fundamental – ecoou Luis Faro Ramos, embaixador no Brasil de Portugal, país que está na presidência do bloco.
Desde que o fechamento do acordo foi anunciado, em 2019, esse período da presidência portuguesa da União Europeia era considerado crucial para os passos seguintes: aprovação do Parlamento Europeu e ratificação em cada um dos 26 integrantes do bloco. Até que os incêndios na Amazônia de 2019 e 2020 criassem tal resistência em alguns países que praticamente inviabilizasse o avanço.
Conforme Faro Ramos, este mês será crucial para a elaboração carta de compromisso, que é objeto de negociação entre os dois blocos. Na avaliação do diplomata, o texto deve trazer "obrigações concretas de todas as partes". Quando a coluna quis mais detalhes, recorreu à fórmula "o segredo é a alma do negócio, não podemos dizer o que está lá dentro". Mas deu uma pista:
– O Conselho Nacional da Amazônia Legal é fundamental nessa narrativa que o Brasil quer construir nas suas relações.
A necessidade desse documento complementar foi explicada assim por Ibáñez:
– Os números crescentes de desmatamento criaram uma sensação de perda de confiança sobre o acordo (que tem cláusulas de preservação) em muitos dos Estados-membros (do UE) e de instituições europeias, como o Parlamento europeu.