O alcance limitado do formato do auxílio emergencial do governo do Estado não surpreende, porque todos os gaúchos já sabem que o orçamento do Estado tem limites muito drásticos.
Frente às necessidades, o valor de R$ 130 milhões é quase simbólico. Mas além de ser importante pelo gesto – é obrigação do poder público socorrer setores em risco por contingências da pandemia de covid –, vai, sim, socorrer alguns dos que mais precisam.
Infelizmente, nem todos, porque os problemas são muitos e tamanho da ajuda não alcançará sequer a primeira linha de prioridade. Mas se o dinheiro é curto, o melhor é concentrar onde fará mais diferença.
Quanto menor o negócio, mais dificuldades enfrenta para sobreviver à pandemia. Faltam recursos para investir em digitalização, em reformas, em reformas ou compras e taxas para operar com delivery. Por isso, embora o valor seja muito modesto, poderá, sim, ajudar alguns dos pequenos empreendedores com sobrevivência em risco.
O recorte das prioridades também é correto: ao contrário do comércio e da indústria, que haviam conseguido tirar o nariz da água com a recuperação do ano passado, o setor de serviços ainda segue mergulhado na crise. Hotéis, pousadas, restaurantes fazem parte de um subgrupo chamado "serviços em geral" do grande setor de serviços que representa 60% da geração de riqueza no país, e aparece nos levantamentos sobre o PIB nacional e estadual como o mais prejudicado pela crise do coronavírus.
Também acerta o governo do Estado ao reservar parte da ajuda aos trabalhadores desse segmento que foram demitidos e, obviamente, enfrentam dificuldades em voltar ao mercado de trabalho neste momento em que as atividades estão restritas.
O governador Eduardo Leite alinha o Rio Grande do Sul a outros 10 Estados que criaram ou prorrogaram auxílios emergenciais próprios diante da anemia dos valores oferecidos pelo governo federal: R$ 150 para pessoas que vivem sozinhas e média de R$ 250. Também reforça a posição dos 16 governadores que pedem elevação do benefício nacional para R$ 600. Talvez o valor não chegue lá, mas a pressão é tanta que já há sinais de que o governo federal estuda elevar os valores anteriormente confirmados.