Na teleconferência em que apresentou o lucro histórico da Petrobras no quarto trimestre de 2020, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a gasolina no Brasil não é cara.
Para quem imaginava que a gasolina chegasse a R$ 6 "ainda neste semestre" e está vendo risco de que o prazo seja o primeiro trimestre (no caso, a jornalista que assina esta coluna), é um despropósito.
Mas a coluna aceitou a sugestão de Castello Branco e foi verificar a comparação internacional disponível no site globalpetrolprices.com (veja gráfico lá embaixo). Conforme o levantamento, o preço médio na terça-feira (22) era de US$ 1,09 por litro. No Brasil, a média estaria em US$ 0,884 (equivalente a R$ 4,25 pelo câmbio atual, o que é otimista). Com esse critério bonzinho, o Brasil é o 55º colocado na lista de 150 que vai dos mais baratos aos mais caros. Está no começo do grupo intermediário, mais perto dos que têm preços baixos do que dos mais altos.
O próprio site observa que existem "diferenças substanciais" nos valores que, como regra geral, costumam ser elevados em países ricos e reduzidos nos pobres e nos que produzem e exportam petróleo – caso do Brasil. Aponta que os Estados Unidos são uma "notável exceção", que apesar de risco tem baixos preços, especialmente no gás natural, obtido nas reservas de xisto. Também observa que diferenças tão grandes são decorrentes de impostos (no caso dos valores altos) e subsídios (nos mais baixos).
"Todos os países têm acesso aos mesmos preços de petróleo no mercado internacional, mas decidem aplicar tributos diferentes", constata o site, comandado por Neven Valev, professor da Georgia State University. O site é publicado por uma equipe que trabalha como um instituto de pesquisa que trabalha com rigorismo acadêmico. O Global Petrol Prices costuma ser referência para publicações como The Wall Street Journal, Bloomblerg e Reuters, entre outros, e até para o Fundo Monetário Internacional (FMI).
No ranking, o preço disparadamente mais baixo é o da Venezuela, o que dispensa comentários. Os quatro seguintes são grandes produtores de petróleo e, embora não possam ser considerados "países pobres", têm população com renda muito baixa. No topo da lista, há quatro países ricos e um pobre (República Centro Africana). E três produtores de petróleo: a nossa já conhecida Dinamarca, que apesar do mecanismo para amortecer reajuste, cobra o dobro da média do Brasil, Noruega e Holanda.