O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Mário de Lima foi eleito, neste mês, presidente do Conselho Regional de Economia do RS (Corecon-RS), que representa 4,1 mil profissionais registrados. Em entrevista à coluna, o economista avaliou o cenário para os negócios em 2021. Lima entende que o Estado e o país precisam de reformas para acelerar o desenvolvimento, mas reconhece que o atual ambiente político joga contra as mudanças. A seguir, leia os principais trechos.
Qual é o maior desafio do conselho neste momento?
A pandemia exige esforço multidisciplinar. O economista tem de ser visto como profissional que não está apenas nos grandes centros. Temos economistas em todo o Estado. O grande papel do conselho é fortalecer a profissão. O economista é fundamental para enfrentar o momento que estamos atravessando. Meu papel como presidente é demonstrar a importância do economista na reconstrução da sociedade após a covid-19.
A pandemia e a escassez de chuvas ameaçam a economia no RS em 2021. Como avalia o cenário para este ano?
Há um peso grande da agricultura na economia do Estado. Mas vejo como mais preocupante a situação das finanças públicas. Na parte agrícola, ao longo do tempo, teremos problemas de estiagens ou cheias. Mas são problemas da natureza desse tipo de economia. Há gargalos mais rígidos que podem reduzir nossa capacidade de desenvolvimento.
A melhora nas finanças passa por quais ações?
Primeiro, não se resolve os problemas somente com crescimento setorial. Temos de apresentar, é claro, crescimento no comércio, na indústria, na agricultura. Mas, ao mesmo tempo, é preciso fazer reformas. No caso do Estado, uma reforma administrativa foi feita no governo atual. Da mesma forma, precisamos de reforma tributária, para atender ao anseio da população de não majorar alíquotas (de ICMS).
Também precisamos de uma série de ajustes na União, de um pacto federativo, porque há muitos municípios que não conseguem financiar despesas com recursos próprios. É necessária uma reforma administrativa no país, para modernizar a estrutura do serviço público. Se possível, uma reforma política. Com isso, quero dizer que o problema do Rio Grande do Sul não é isolado.
Existe clima político, neste momento de pandemia, para aprovação de reformas no país?
Não tem clima político. É um ano pré-eleitoral. O problema é que pautas polêmicas não costumam ser enfrentadas, ainda mais com o momento pandêmico, que dá argumentos para gastarmos mais do que podemos.
Sem clima para reformas, o que pode ser feito para ajudar a economia?
Dada a situação, a primeira coisa é tomarmos a vacina. Ao reduzir a possibilidade de infecção, a sociedade começa a entrar em uma normalidade. Depois, haverá uma recuperação na demanda. A primeira coisa a ser feita é nos cuidarmos. A primeira alternativa é sobreviver a este período.
Segundo, as empresas precisam se preparar para o longo prazo. O mundo não vai acabar. A gente precisa se organizar porque haverá período de crescimento econômico. O momento é de sobrevivência e planejamento.