Depois de anunciar, há 12 dias, um acordo para venda de 1 bilhão de litros de combustíveis verdes para a britânica BP, nesta terça-feira (26) Erasmo Battistella confirma um contrato duas vezes maior: negociou a entrega de 2,5 bilhões de litros em quatro anos para a anglo-holandesa Shell.
Com isso, a capacidade de produção de diesel e querosene de aviação "avançados" está 90% comprometida. Agora, faltam apenas detalhes da logística e da estruturação de financiamento para começar a obra do megaprojeto Omega Green, em Assunção, no Paraguai.
Embora a empresa não informe os valores, sites especializados situam o preço do litro desses combustíveis, na indústria, em US$ 1,40, o que significa que a ECB Paraguay, empresa de Battistella, fez dois contratos que somam US$ 4,9 bilhões. Nada mal para começar 2021. A produção tem base em 60% de soja e 40% de gordura animal e óleos usados (inclusive de cozinhas industriais). De "férias" na Bahia, o empresário disse à coluna que o plano é começar a construção da unidade no segundo semestre:
– No segundo semestre, deve começar a construção, a obra propriamente dita. Com temos de entregar produto a partir de 2024, temos três anos para erguer e comissionar (esse tipo de produção requer uma espécie de regulagem inicial dos equipamentos). Nada aconteceu por acaso, o que tínhamos programado, graças a Deus, tem dado certo – afirma.
Segundo Battistella, não há interesse em contratar os 10% restantes, para ter uma reserva técnica:
– Houve demanda de outras petroleiras, principalmente europeias e americanas, mas queremos ter essa quantidade o mercado spot (sem contrato) e para alguma utilização na América do Sul.
O que ainda pode ser negociado, completa, é a produção de nafta verde, matéria-prima usada na indústria petroquímica, base para a produção de plásticos. Essa produção não está incluída nos 90% da utilização de capacidade de diesel e combustível para aviões, e deve representar cerca de 100 mil toneladas ao ano.
– O desafio dos próximos meses é definir o parceiro logístico para o transporte fluvial de matéria-prima e produtos acabados. A armazenagem deve ser em Montevidéu, de onde partirá a exportação para Europa, Estados Unidos e Canadá. Na parte financeira, temos Santander, e a joint venture entre Banco do Brasil e o banco suíço UBS – projeta.
Os contratos de venda funcionam como uma espécie de garantia de que a Omega Green terá receita para pagar o financiamento para construir e operar a unidade produtora que fica a 45 quilômetros de Assunção, às margens do Rio Paraguai. A estrutura do investimento, por sua vez, está sendo coordenada por outro gigante britânico, o banco Barclays. O empresário fez questão de destacar que todo o projeto está sendo coordenado em Passo Fundo, onde funciona a BSBios, consolidada por Battistella, que agora tem 100% da maior produtora brasileira de biodiesel:
– Todo o projeto está sendo desenvolvido pelas pessoas que trabalham comigo em Passo Fundo. Estamos acumulando conhecimento na área de engenharia, na comercialização de produtos novos, na área de logística, nas relações internacionais entre países e empresas. É um legado que vai ficar, de pessoas que trabalham aqui no nosso Estado. Tem um aprendizado para quando o Brasil entrar nesse mercado. Um grupo de trabalho para definir a política de biocombustíveis avançados foi aberto no Ministério de Minas e Energia.