Uma das mais tradicionais corretoras gaúchas, a Solidus, foi vendida. A família Shan, de origem chinesa, criou a Avipal e comprou a Elegê, ambas depois vendidas à Perdigão, segue como sócia minoritária. O controle passa a ser de uma empresa de espírito simples mas nome meio complicado: sim;paul (pronuncia-se 'simpol', como simples em inglês, e não tem letra maiúscula).
E embora a empresa tenha uma grande estrutura em São Paulo, ainda ficará sob gestão gaúcha: João Silveira, sócio-fundador e CEO, nasceu em Sananduva, embora tenha registro em Lagoa Vermelha. Também estão no negócio seu sócio Luis Felipe Amaral, a o fundo de private equity GP e Richard Gerdau.
– É um projeto de tamanho significativo. Nessa primeira fase, estamos investindo R$ 100 milhões para colocar a plataforma no ar. Queremos mudar esse segmento, dar transparência total na plataforma, às transações, aos investimentos. A Solidus tinha grande foco em ações e, com a plataforma, amplia a quantidade de produtos, fica com uma prateleira mais completa – detalhou Silveira.
O acordo de compra, relatou o empresário, foi feito ainda em setembro de 2019. Depois de aprovado pelo Banco Central, ainda havia o desafio da integração entre a Solidus, em Porto Alegre, e a base tecnológica, em São Paulo. Boa parte do investimento previsto, acrescenta Silveira, é em base de dados, aplicativos e preparação para o open banking. Outra será usada para expandir as atividades da corretora em Porto Alegre, no edifício Mr. Shan, na Carlos Gomes:
– Estamos prevendo crescimento significativo em 2021. Vamos ampliar o escritório no prédio, aproveitando o espaço da WeWork. E estamos contratando para aumentar a equipe em cerca de 30%. Vamos para 50 pessoas em Porto Alegre, mais 60 em São Paulo.
Silveira conta que ele e Amaral começaram a estruturar o negócio ainda em 2018. Perceberam que haveria grande transformação na indústria financeira, com mais cobrança por transparência, e demanda por novas alternativas. Nessa perspectiva, assim como o mercado hoje se concentra em cinco grandes bancos, teve ter seis ou sete plataformas de investimento.
Como a sim;paul quer ser uma delas, buscou um diferencial: o uso intensivo de tecnologia. Outro está na origem do nome, diz Silveira. Além de remeter, na pronúncia, à palavra "simples" em inglês, a intenção é sinalizar que diz "sim" ao cliente (o "Paul").
– Queremos dizer sim às coisas que o cliente valoriza. Outro diferencial que teremos é o equityback, uma versão financeira do cashback. Decidimos premiar nossos parceiros, que poderão trocar pontos por ações da plataforma. É uma forma de reconhecer o agente autônomo que atende o investidor – disse Silveira.