Os brasileiros dificilmente poderão se beneficiar de um dos maiores avanços científicos em décadas, mas isso não diminui a importância da primeira aprovação no mundo de uma vacina contra a covid-19.
Seria histórico em qualquer circunstância, mas a parceria entre a americana Pfizer e a alemã Biontech ainda apresenta uma fórmula inédita de imunização, pelo chamado RNA mensageiro. E seu desenvolvimento não começou na gigante dos Estados Unidos, mas na startup da Alemanha. E um negócio aberto por um imigrante e por uma filha de imigrantes.
A Biontech foi criada em 2008 pelo casal Ugur Sahin e Özlem Türeci. Sahin nasceu na Turquia e chegou a Colônia aos quatro anos. Özlem é filha de um médico turco que saiu de Istambul para trabalhar na Alemanha. Em 2001, eles haviam investido em uma biofarmacêutica focada em imunoterapia contra o câncer, mais tarde vendida.
A Biontech também nasceu para tratar o câncer, mas no início deste ano, quando o coronavírus ainda era tratado comoo o "vírus chinês", os dois anunciaram um projeto chamado Ligthspeed (velocidade da luz) para encontrar uma vacina contra a covid-19. O objetivo era desenvolver uma imunização em tempo recorde. Até então, os estudos necessários levavam de oito a 10 anos.
Atuando com cerca de 1,3 mil pessoas de cerca de 60 países na cidades alemãs de Mainz e Idar-Oberstein, a Biontech começou a pesquisar. A gigantes americana Pfizer era uma "antiga" aliada. Ambas trabalhavam juntas em vacinas contra a gripe desde 2018. Em março, ambas anunciaram o acordo para "desenvolvimento e distribuição conjunta (exceto na China) de uma potencial vacina baseada em mRNA (o RNA mensageiro) contra o coronavírus. Como se diz, o resto é história.