Enquanto o governo Bolsonaro volta a atacar ONGs que atuam na Amazônia, mais uma gigante empresa brasileira eleva a régua de seus compromissos ambientais. Na semana passada, a Petrobras havia anunciado a criação de uma gerência executiva de Mudanças Climáticas, fenômeno negado pelo presidente.
Nesta terça-feira (10), a Braskem anunciou que vai neutralizar suas emissões de carbono (principal causador do efeito estufa, ou da mudança climática) até 2050. A missão dessa companhia é especialmente difícil, porque usa como matéria-prima a nafta, derivada de petróleo, o rei dos combustíveis fósseis.
Para alcançar essa meta, a Braskem vai reduzir emissões com foco na eficiência energética, aumentar o uso de energia renovável nas operações atuais, com parcerias para inovação e tecnologia, compensar emissões com investimentos na produção de químicos e polímeros de origem renovável e capturar emissões de carbono transformando-o em matéria-prima, a partir da aplicação de pesquisa e desenvolvimento. Atualmente, 43% do consumo total de energia da Braskem no Brasil já é de fonte renovável.
Uma das estratégias definidas é ampliar o alcance da submarca I’m green (eu sou verde, em inglês), atualmente usada apenas para o polietileno (PE) "verde", matéria-prima de produtos plásticos produzida com etanol, em vez de nafta de petróleo. A empresa cogitou, no passado, de passar a produzir polipropileno com base em etanol, mas não evoluiu. Esse tipo de resina é destinado a outros tipos de plásticos, que em geral exigem mais resistência. Até hoje, o PE verde só é feito no polo petroquímico de Triunfo, na Região Metropolitana. No mês passado, a empresa alcançou recorde histórico na venda desse produto.
Até 2025, a Braskem pretende alcançar produção de 300 mil toneladas de resinas termoplásticas e produtos químicos com conteúdo reciclado, e 1 milhão de toneladas até 2030. Além disso, vai trabalhar para que nos próximos 10 anos ocorra descarte adequado de 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos.
Em nota, a empresa afirma que está assumindo esse compromisso por se considerar como "corresponsável diante do desafio de prevenir e combater as mudanças de clima". A Braskem tem unidades de operação nos Estados Unidos, que devem apertar as exigências ambientais no governo de Joe Biden. As iniciativas da Braskem estão alinhadas à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Acordo de Paris.
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