Depois do inadmissível bate-cabeça do final da semana, nesta segunda-feira (26), o vice-presidente Hamilton Mourão anunciou a prorrogação até abril de 2021 da Operação Verde Brasil 2, que utiliza tropas militares no combate ao desmatamento da Amazônia.
Foi um sopro na fogueira que devora não só a maior floresta tropical do mundo como o Pantanal. Além das queimadas efetivas, as labaredas consumiram boa parte da imagem do Brasil no Exterior.
Enquanto dois ministros, a da Agricultura, Tereza Cristina, e o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, preferiram acenar com soluções exóticas, como o "boi bombeiro", o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto advertiu que a preocupação com a gestão ambiental existe "às vezes pela narrativa, às vezes pelo que tem acontecido".
A decisão de Mourão faz todo o sentido, dada a altura das chamas físicas e metafóricas que cercam o Brasil. O que ficou mais claro, no espantoso episódio da retirada de brigadistas, que combatem as queimadas criminosas, é que o governo tem um sério problema de coordenação. Anunciada com estridência, com grande impacto no Exterior, a decisão durou um dia, mas acentuou a percepção de que falta comunicação e capacidade de execução ao Brasil no momento da pandemia.
Depois desse erro grave, o acerto de Mourão perde impacto, especialmente depois de outro incidente inexplicável que tem em comum o fato de envolver o titular do Meio Ambiente. Em uma cena que seria inacreditável em qualquer governo, Salles se referiu ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, como "Maria Fofoca" no Twitter. Depois de críticas dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Salles pediu desculpas pelo "excesso" e colocou um "ponto final" na disputa entre os dois.