A decisão da Lojas Colombo de sair de dois shoppings de Porto Alegre, justificada por críticas à falta de interesse em negociar, ocorreu no ano em que, segundo Eduardo Colombo, vice-presidente da rede, terá o maior faturamento de seus 61 anos – em plena pandemia. Até sexta-feira passada (23), detalha, o acumulado no ano está 28% acima da receita de igual período de 2019.
Além disso, prepara um novo negócio: lojas de crédito. Neste ano, comprou os 50% da financeira que pertenciam ao Bradesco e ficou com 100% da atividade. Se está tudo tão bem na empresa, o que ocorreu para que decidisse encerrar as atividades?
– A maioria de nossas lojas de shopping é deficitária. O valor era impraticável. Se a operação vender o dobro, ainda não rentabiliza – respondeu à coluna o empresário, que é neto do fundador, Adelino Colombo.
A Colombo do Iguatemi fecha as portas no dia 31, a do Praia de Belas logo em seguida. Até 16 de novembro, serão abertas as unidades do Bourbon Country e do BarraShoppingSul. Era duas das maiores lojas de Porto Alegre, observa. As sucessoras não vão encolher muito: devem ter 200 metros quadrados a menos.
– Vamos aproveitar 100% das equipes, essa era uma preocupação. São pessoas muito bem formadas, e não queríamos colocar essas vagas em risco – diz o empresário.
O empresário detalhou que a tentativa de negociação com os shoppings tinha quase quatro anos, portanto era muito anterior à pandemia. Segundo Eduardo, todas as formas de composição foram buscadas, sem sucesso. Quando ficou claro que não havia solução, sondou o mercado, relata:
– Surgiram boas oportunidades com viés de parceiro.
A compra da financeira, detalha Eduardo, marca a criação do Grupo Colombo, com quatro áreas de negócio: a de varejo de móveis e eletrodomésticos, a administradora de consórcios, as lojas para pets e, agora, a recém-criada ColomboCred, que abre sua primeira unidade em Santa Maria, na Rua do Acampamento, em novembro, e em Porto Alegre, na Rua Doutor Flores, em janeiro próximo.
Vai começar com oferta de crédito pessoal (consignado, refinanciamento de veículos), em m seguida planeja avançar para seguros, cartão de crédito e consórcio e, em futuro breve, ter contas digitais e um marketplace (central virtual) de serviços financeiros. A ideia é usar a base de cerca de 1,2 milhão de clientes ativos que compram a crédito nas lojas.
– E a partir de 2021, vamos dar mais corpo para operação, assim como vamos dar sequência à expansão da Colombo Casa Pet, que teve quatro lojas abertas neste ano.
Em plena pandemia, a Colombo abriu também três unidades no Sul. Inaugurou uma segunda loja em São Leopoldo, e em duas cidades onde a rede não tinha presença, Piçarras (SC) e Ubiratã (PR). Segundo o empresário, a Colombo teve de fazer algumas demissões no início da quarentena, mas não suspendeu contratos nem reduziu jornadas e salários.
Investiu em tecnologia e, em poucas semanas, colocou um aplicativo de vendas nas mãos dos funcionários, para que trabalhassem em casa. Agora, com a reabertura do comércio, não parou de investir no e-commerce. Está ampliando centros de distribuição e comprando caminhões para reforçar em cerca de 20% a frota de 115 veículos. Segundo Eduardo, a ideia era trocar os novos por usados, mas diante da falta de caminhões no mercado, vai manter os mais antigos.
– Esse aumento de demanda deve se manter até o primeiro trimestre de 2021, depois deve dar uma acalmada, mas o novo normal deve ter vendas acima do que eram antes, no nosso segmento, porque as pessoas aprenderam a valorizar a casa e o bem-estar – avalia.