A saída da Lojas Colombo de dois shoppings – Iguatemi e Praia de Belas –, com fortes críticas do empresário que comanda o grupo, não é um caso isolado, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva.
A coluna consultou os dois centros de compra, que preferiram não se manifestar sobre a decisão da Lojas Colombo. Em nota, afirmaram de forma conjunta: "A Iguatemi, rede da qual o Praia de Belas Shopping e Iguatemi Porto Alegre fazem parte, não comenta sobre as relações comerciais com seus lojistas".
Piva fez questão de lembrar que os shoppings de Porto Alegre foram bastante flexíveis no auge da pandemia. CDL-PoA e Sindilojas se reuniram com os superintendentes, expuseram a situação "dramática" dos lojistas e perceberam uma reação bastante "receptiva". Houve muitas negociações, todas individuais, caso a caso. Na maioria dos casos, houve suspensão da cobrança de aluguel e da taxa de propaganda. Alguns mantiveram a cobrança da taxa de condomínio.
– Com a retomada das atividades, voltamos a ouvir queixas dos lojistas sobre a dificuldade de negociar, em alguns mais, em outros menos – relata Piva.
O dirigente detalha que, durante a pandemia, o comércio sofreu grande transformação, com parte das vendas se deslocando para o digital de forma duradoura. O resultado foi uma redução do faturamento nas lojas físicas, tanto de rua quanto de shoppings.
– O peso do aluguel passou a ser muio maior para as empresas. Uma das grandes reivindicações, desde o início da pandemia, é de que a cobrança seja feita com base em um percentual da receita. Por isso, há tem certa insatisfação com os shoppings, sim.
Paulo Kruse, presidente do Sindilojas, confirma que os shoppings foram flexíveis no auge da pandemia. O fato de muitos comerciantes terem ficado quatro meses sem receita, pondera, é indicativo de dificuldades. Segundo o empresário, neste mês houve reajuste de 18% no aluguel, repasse da alta anual do IGP-DI, indicador de inflação. Os administradores oferecem descontos, admite, mas podem deixar de dar quando quiserem.
– Não compensa mais pagar custo tão alto com a venda muito menor da que se tinha antes. Prevejo que, nos próximos meses, vamos ter problemas. Não teremos o mesmo movimento de final de ano, porque o pagamento de 13º será menor, porque houve supensão de contratos, o dos aposentados já foi pago. Certamente alguns conflitos vão aparecer nos próximos meses – projeta.