Primeiro segmento a ser afetado pela pandemia do coronavírus, devido a falta de insumos decorrente da parada na China, a indústria eletroeletrônica voltou a ter perspectiva positiva. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 20% dos empresários do setor projetam fechar este mês com faturamento maior.
Desde o início da sondagem, em maio, foi a primeira vez que os entrevistados responderam ao indicador com otimismo. À coluna, o presidente regional da Abinee, Régis Haubert, disse que a projeção positiva se deve a uma mudança de cenário que vem sendo observada no setor desde junho:
— Março e abril foram meses de grande preocupação. Algumas empresas chegaram a reduzir 40% da sua produção. O cenário foi melhorando. É até bem curioso, não muito explicável, mas em junho, julho e agosto empresas tiveram faturamento até superior ao que estavam prevendo no pré-pandemia. Segundo Haubert, a necessidade das indústrias de investir em automação durante a pandemia está relacionada à retomada do setor.
— Além da demanda que estava reprimida, o Rio Grande do Sul tem base forte de automação industrial. Como as empresas não podem utilizar a capacidade total, optam por aumentar a produção com automação.
Outro indicador positivo está relacionado ao mercado de trabalho: 61% das empresas afirmaram não ter demitido. Em julho, esse percentual era de 56%. Na avaliação de Haubert, isso significa que algumas estão recontratando. Segundo o empresário, perder capital intelectual é muito prejudicial para o setor. Cerca de 2% das indústrias já estão contratando.
O home office foi apontado como a principal medida adotada para manutenção dos empregos, 41% das empresas apostam neste modelo. A capacidade instalada das empresas também melhorou e alcançou, pela primeira vez, o nível de 75% A 99%.
Por ser "superdependente" de fornecedores chineses, o setor sofreu os impactos da crise, antes menos da pandemia ser declarada no Brasil. Segundo Haubert, atualmente o cenário de fornecimento está normal. Por outro lado, dificuldades de logística ainda afetam o setor. Apesar de o indicador se manter estável, 55% dos entrevistados afirmaram enfrentar problemas no transporte nacional e/ou internacional.
— Houve aumento de preço, principalmente no transporte aéreo, já que as companhias aéreas também foram bastante afetadas pela crise — afirma Haubert.
À frente da Exatron, Haubert ainda considera complicado projetar os resultados do ano, mas acredita que o otimismo deve se manter, ao menos, nos próximos três meses.
*Colaborou Camila Silva