Ao detalhar o balanço do Banrisul no segundo trimestre, o presidente da instituição, Claudio Coutinho, mencionou várias vezes o bom resultado da subsidiária Banrisul Cartões. Como já houve um ensaio de venda da subsidiária e, em maio, o banco informou intenção de contratar o JP Morgan Brasil para "prestar assessoria financeira e estratégica" nessa área, a coluna quis saber se havia uma definição.
– Por enquanto, trabalhamos para que seja rentável. O resultado da Cartões se destaca em relação a outras empresas, meu destaque foi para mostrar a eficiência do Banrisul– respondeu Coutinho.
Acrescentou ter destacado os resultados da Cartões porque foram melhores – ou menos piores – do que os de outras companhias do segmento no segundo trimestre. O lucro da subsidiária encolheu 16% no segundo trimestre ante igual período de 2019.
O lucro total ajustado do Banrisul caiu 60,8% no intervalo de abril a junho, na mesma base de comparação. Foi um tombo equivalente aos grandes bancos privados nacionais, como Bradesco, Itaú e Santander. O que foi diferente foi a provisão para perdas de crédito.
As instituições financeiras dominantes chegaram a duplicar a quantia destinada a cobrir eventuais calotes de clientes, enquanto o Banrisul aumentou em 60%. Segundo Coutinho, o aumento foi menor porque o banco estadual já tinha reservas para esse fim mais elevadas do que a média:
– Estamos ombreados com quem tem a maior provisão. A nossa cresceu, era de 7,6% do total, passou a 8,3%, equivalente à dos maiores.
Atá agora, o aumento da inadimplência parece contido: subiu de 3,37% no primeiro trimestre para 3,54% no segundo. A coluna quis saber se deve se manter neste nível, e o presidente do Banrisul evitou fazer previsões:
– É difícil fazer uma projeção dessas. Depende do desenrolar da pandemia. Até agora, o pior mês foi abril, maio e junho já mostram recuperação. Nessa discussão de desenhos (da retomada da economia), se será V ou W, talvez o que mais espelha o que está acontecendo seja a raiz quadrada. Sai do fundo do poço, mas não volta logo ao patamar anterior.
Entre os motivos para queda no lucro, nas outras instituições impactado sobretudo pelo aumento das provisões, Coutinho citou ainda a redução da receita com o cheque especial, em decorrência do limite de taxa imposto pelo Banco Central, aumento de cinco pontos percentuais da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (CSLL), queda de receita com o corte nominal do juro e a redução da atividade econômica.
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