As pressões e o desejo do governo de esticar o auxílio emergencial e ter um Bolsa Família para chamar de seu, o Renda Brasil, ampliam o temor de que vá para o espaço a regra do teto, que trava gastos públicos ao valor do ano anterior, corrigido apenas pela inflação.
O Ministério da Economia e a Casa Civil do Planalto oficializaram a decisão de consultar o Tribunal de Contas da União (TCU), algo que o ministro Paulo Guedes relutava em fazer, se é possível driblar o teto para despesas sociais e investimentos.
O TCU já não leva em conta, para efeito de cálculo do teto, despesas como o auxílio emergencial, mas o Planalto está em busca de um passe livre para elevar outras despesas. As pressões para prorrogação do auxílio emergencial se combinaram com a percepção do presidente Jair Bolsonaro sobre o efeito do pagamento em sua popularidade, e agora o Planalto busca formas de esticar o benefício.
A tensão entre a bolsa e o teto cresceu tanto que o presidente da Cãmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) achou necessário se posicionar nesta quinta-feira (6).
– Se tivermos coragem de sentar em cima do teto e não deixar passar R$ 1, vamos conseguir fazer as outras reformas. Se deixarmos passar, não vamos conseguir fazer as outras reformas – ameaçou Maia, animando o mercado financeiro.
Também ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Renda Brasil deve atender entre 26 milhões e 27 milhões de pessoas, quase 7 milhões a mais do que as atendidas pelo Bolsa Família. Economistas que no começo da pandemia recomendavam gastar antes e quitar a dívida depois começam a mudar de posição.
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