Desde que o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck mencionou a venda recorde de pregos durante a pandemia, na semana passada, a coluna estava devendo um detalhamento da situação. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Material de Construção (Abramat), existe, de fato, um "efeito auxílio emergencial" nas vendas do segmento.
A pedido da coluna, a Gerdau especificou o tamanho da alta na venda de pregos: 38% de abril a junho, em comparação com o primeiro trimestre deste ano. Outro produto que teve forte aumento. o arame agropecuário, subiu 29% na mesma base de comparação.
Como o produto é usado desde pequenas reformas até grandes obras, o "efeito prego", no caso da Gerdau, está principalmente atrelado às vendas ao varejo. Como afirmou Werneck, é reflexo do uso de parte do auxílio emergencial em pequenas reformas em casa, para atenuar problemas nas mais precárias e melhorar as mais estruturadas.
Para bancar o programa, o governo federal tem gasto cerca de R$ 50 bilhões ao mês. Sem contar agosto, que está apenas começando, famílias de baixa renda – sem contar os espertalhões que se beneficiaram por meio de fraude – receberam ao menos R$ 1,8 mil durante a pandemia, três parcelas de R$ 600. Ao menos mais duas estão garantidas. Segundo o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, funcionou muito bem no período de "alta crise". Segundo dados da entidade, vendas de materiais de acabamento (categoria que os pregos se encaixam), cresceram 5,3% em julho frente ao mês anterior.
– O auxílio é um recurso a mais ou substitui a renda que as pessoas perderam. É uma ação que tem influência, sim.
Não é por acaso que estudos mostram a redução da pobreza neste período, e o governo federal tem oscilado entre a responsabilidade fiscal e o benefício eleitoral ao discutir a prorrogação do auxílio emergencial e a criação de um programa para substituir o Bolsa Família, que se chamará Renda Brasil.
O "efeito prego" foi sentido em uma gigante como a Gerdau, que tem nesse produto uma fração ínfima de seu faturamento, até no pequeno comércio. É bom lembrar que ferragens e lojas de material de construção funcionaram ao longo de toda a pandemia, porque foram consideradas atividades essenciais.
Feito em parceria entre a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), levantamento concluído em julho com 600 lojistas nas cinco regiões do país, apontou que 42% dos varejistas perceberam aumento nas vendas de março a maio, comparando com igual período do ano passado. Para outros 38%, ficaram estáveis, e 20% apontaram queda.
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