O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A articulação de empresários pela preservação do meio ambiente ganhou fôlego no mesmo dia em que o país amargou a confirmação de novos avanços no desmatamento. Nesta sexta-feira (10), dirigentes de entidades e lideranças de companhias como Itaú, Shell e Natura cobraram do vice-presidente Hamilton Mourão medidas efetivas de combate aos problemas que atingem a região da Amazônia. A avaliação é de que danos à imagem do Brasil podem impactar seriamente o andamento de negócios com investidores estrangeiros.
O encontro com Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, ocorreu durante a tarde. Antes, números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao governo, indicaram que o desmatamento na floresta subiu cerca de 25% no primeiro semestre.
A presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, participou do encontro com Mourão. Em conversa em vídeo com a imprensa, acompanhada pela coluna, a dirigente sublinhou que o vice-presidente se comprometeu a elaborar estudos e traçar metas, nos próximos dias, para atacar o desmatamento.
– Tivemos a posição do governo de que haverá combate – disse.
A pressão por avanços na área ganhou corpo com o envio de uma carta do grupo a Mourão no início da semana. No documento, os CEOs e líderes empresariais apontam riscos aos negócios devido a questões relacionadas à Amazônia. "Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país", aponta trecho do texto.
Presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung também integra o movimento. À coluna, o ex-governador do Espírito Santo menciona que "ninguém venceu a guerra ainda", embora haja "evolução na batalha". Hartung esteve entre os presentes na agenda com o governo.
– A avaliação da semana é bem positiva. Quem deve combater irregularidades é o governo. Ele (o vice-presidente) abraçou nosso documento e assumiu compromisso de ter metas de enfrentamento – comenta.
Agora, resta a expectativa pelo avanço de ações na prática. E com rapidez.